A informação foi avançada por José Luís Pinto Basto, CEO do grupo, à VI, que explicou que estes «novos modelos» podem ir desde «residências para estudantes, projetos de escritórios voltados para o empreendedorismo, a outros projetos específicos com parceiros específicos». No entanto, além dos alternativos, a empresa também olha para «os mais tradicionais: temos duas situações com edifícios de escritórios para reabilitar em Lisboa. De momento, faltam grandes áreas na cidade».
Mais recentemente, o The Edge Group desenvolveu os edifícios de escritórios 24 de Julho e D. Luís I, ambos situados na zona ribeirinha de Lisboa, que não foi escolhida ao acaso: «quando uma empresa como a EDP escolhe mudar vários edifícios da cidade para aquela zona, que não era tradicionalmente uma zona de escritórios, dá que pensar. E esta zona tem falta de oferta qualificada. Muitas empresas que queiram seguir os passos da EDP não têm a capacidade que esta empresa tem, e por isso estivemos ativamente à procura de edifícios para reabilitar».
No caso do edifício 24 de Julho, anteriormente projetado para hotel, «conseguimos um inquilino para a totalidade do edifício antes da sua conclusão, a procura estava efetivamente lá. Depois de chegarmos a acordo com essa multinacional, o grupo WPP, tivemos mais duas entidades interessadas em arrendar parte do edifício, e isso mostra o interesse que esta zona suscita», explicou.
No caso do edifício D. Luís I, «ao todo, apresentámos sete ou oito propostas para comprar edifícios naquela zona, e acabámos por comprar o D. Luís I, que tem cerca de 10.000m²», um imóvel que já funcionava com escritórios, nomeadamente «dos serviços de backoffice» do Millennium bcp, ao qual o The Edge Group comprou o ativo. Aqui, «a intervenção foi mais simples que no caso do 24 de Julho, pois não houve necessidade de mudar a sua utilização». Também neste caso o The Edge Group espera «ocupar o edifício na totalidade até ao final do ano», tendo já grande parte dele comprometido. As rendas rondam os 14 euros/m²/mês, numa zona (Santos/Cais do Sodré) que «tem muita falta deste tipo de edifício».
Ambos os projetos foram feitos de raiz, «sem qualquer parceria nem com compradores finais ou inquilinos». Na fase de licenciamento dos projetos e inquilinos garantidos para o edifício 24 de Julho, o The Edge Group avançou com o negócio da Rockspring, que foi «um dos interessados e garantiu a compra no final da obra, sinalizando o negócio numa fase inicial e acompanhando a fase de promoção». José Luís Pinto Basto considera que «foi um negócio interessante para ambas as partes, com um yield implícito de 7%. Na perceção deles, paga o risco “país”». A venda de ambos os ativos foi feita por um valor global de cerca de 53 milhões de euros. Este responsável acredita que o novo modelo de negócio passa por ter maioria de capitais próprios e novos parceiros de investimento.
«A nossa relação com a Rockspring é boa, assim como é com outros investidores. Eles precisam de quem conheça bem o terreno, e temos recebido várias propostas, não trabalhamos exclusivamente com ninguém». No futuro, considera que «temos de continuar a criar condições para atrair capital estrangeiro, sem ele este país não consegue fazer nada, pois está muito descapitalizado, precisamos de gerar essa confiança».
A habitação (reabilitação), nomeadamente o mercado de arrendamento para uma classe média, também é uma das áreas na qual o The Edge Group pretende investir no futuro, mas o mercado ainda é «precário, e requer muito mais desenvolvimento, e isto não pode ser feito aos preços que se vendem aos estrangeiros. Gostaríamos de apostar aqui, mas agora não se consegue, pois se comprar a preços para reabilitação que obrigam a vender a 5.000 euros/m² o rendimento vai ser muitíssimo baixo e não é atrativo», concluiu.