A tendência é apontada pela Savills, no seu último relatório do mercado de escritórios europeu. Segundo a consultora, a quebra do desemprego está a levar a este aumento da procura, e os inquilinos procuram locais fora do CBD, onde as rendas têm registado um crescimento médio anual de 4%, situando-se 2% acima do pico de mercado entre 2007 e 2010.
A falta de espaço acessível e de qualidade está a resultar na procura de alternativas, onde os valores de arrendamento são, em média, 70% inferiores aos do CBD. Mas mesmo na periferia as rendas estão a crescer 5,6% ao ano, situando-se 8% acima da média dos últimos 5 anos.
Para Alice Marwick, diretora adjunta do departamento de Research europeu da Savills, «em toda a Europa, estamos a observar que o volume de novos espaços arrendados não é suficiente para satisfazer a procura atual e, por conseguinte os inquilinos terão de lidar mais dois anos com esta escassez de oferta».
E completa que «a oferta limitada e a subida das rendas têm resultado numa maior flexibilidade por parte dos inquilinos nas suas procuras, estando assim mais recetivos a mudar de localização de forma a se instalarem num edifício melhor e com uma renda mais acessível, ainda com uma localização secundária».
Por seu turno, Robbie Stewart, diretor adjunto do departamento de Tenant Representation da Savills, acrescenta que «a forte polarização permanece em toda a Europa, com mercados como Manchester, Viena e Paris a verificar aumentos anuais de 110%, 69% e 49%, respetivamente. Estes mercados também estão a registar uma ocupação trimestral superior à média dos últimos cinco anos. No outro extremo, Amesterdão, Bruxelas e Paris La Defense viram os níveis de ocupação anual descerem 74%, 19% e 23%, respetivamente».
Lisboa não é exceção. Segundo Rodrigo Canas, Associate Consultant da Savills Aguirre Newman Portugal, «atualmente, o maior desafio que as empresas têm em Lisboa é encontrar espaços que tenham as características técnicas necessárias para a sua implantação. Os parques de escritórios ainda carecem de renovação e a média de construção de novos projetos nos últimos anos (2011-2018) está ainda aquém dos valores atingidos em anos anteriores (2004–2010)».
«Neste momento zonas PRIME CBD e CBD contam com uma vacancy rate de 4% e 7% respetivamente, enquanto o Parque das Nações, que é talvez a zona com melhor qualidade de edifícios a nível técnico, tem uma vacancy inferior a 3%. Este registo demonstra a exigência que estas empresas têm relativamente a características técnicas e acessibilidades, abdicando assim de zonas consideradas de maior prestígio. Também o corredor oeste, zona descentralizada de Lisboa, foi a zona que maior absorção teve durante o ano 2017, atingindo um total de 43.553 m² (26% do take-up total), devido ao aumento significativo de rendas no centro da cidade».
São já poucos os mercados europeus com uma taxa de disponibilidade acima dos 10%, e pouco menos de 1/3 dos mercados registam disponibilidade abaixo dos 5%. A Savills acredita que a oferta continuará a ser limitada até 2020, diminuindo para valores inferiores a 6,2%.