O responsável falava à VI durante o Investors Confidence Project, que decorreu em Lisboa a 2 e 3 de novembro, na sede da Vieira de Almeida & Associados, ocasião durante a qual avançou que, atualmente, «há oportunidades para que todo o risco seja assegurado. Para os promotores, há oportunidades para melhorar o portfólio e melhorar as rentabilidades, e tornar os ativos mais operacionais com muito bons retornos. Isto é, não só uma oportunidade, mas também um futuro palpável».
Para Mike Gordon, «o mercado português é muito interessante, a forma como o consumo (de energia) pode funcionar aqui é uma ótima oportunidade». Acredita que seria importante, no nosso país, «que os bancos tirassem os projetos das mãos dos financiadores iniciais e se encarregassem dos mesmos» por forma a dinamizar estes projetos parados e o setor de uma forma geral: «as comunidades podiam, assim, beneficiar destes projetos, nomeadamente através da criação de postos de trabalho».
Seja como for, «a Joule Assets está muito atenta e aberta a oportunidades e negócios em Portugal, temos várias negociações em curso, e estamos muito entusiasmados com quem está à mesa. Se as coisas se desenrolarem como planeamos, podemos investir significativamente em Portugal», avançou.
Explicou também que alguns dos desafios mais imediatos da indústria da eficiência energética passam pelas garantias: «precisamos de players que assinem contratos que garantam os negócios, isso seria crítico». A par dessa maior segurança dos investidores, também realçou a necessidade de criar contratos ‘standard’, tema que foi, aliás, bastante debatido durante o encontro, o que facilitará as negociações entre as empresas e os investidores, dando «mais segurança ao processo».
Por outro lado, acredita que o imobiliário precisa de «quantificar as oportunidades de negócio de eficiência energética. Temos de perceber quem vai pagar pelos projetos, e encontrar as boas oportunidades. E muito deste trabalho já foi feito pelo imobiliário». Acredita que agora é necessário «algum tipo de centralização destas oportunidades, e a partir daí pode-se encontrar o investimento e apresenta-lo aos investidores. É necessário ter os projetos bem definidos e apresentados». Outra questão que considerou fulcral neste mercado é a importância de seguradoras que também assumam parte do risco dos investidores, «caso alguma coisa corra mal».
SEAF pronta para facilitar o investimento em projetos de eficiência energética
Durante este evento, Jessica Stromback, chairman da Joule Assets Europe, anunciou que a Sustainable Energy Asset Framework (SEAF) «está pronta para valorizar e facilitar o investimento em projetos de eficiência energética». O novo software que será disponibilizado para este efeito conta com um financiamento de 1,7 milhões de euros da Comissão Europeia no âmbito do Horizon 2020 para Pesquisa e Inovação, contando com parceiros como a ICP e a HSB Engineering Insurance.
Isto porque «objetivos políticos não criam, por si só, metodologia standardizada para estes projetos». A SEAF IT Platform pretende, assim, «ser uma ferramenta prática que resolve diretamente este ‘gap’ no mercado, simplificando drasticamente as fases de pré financiamento dos projetos».
A responsável explicou à VI que «é preciso mais diálogo entre os investidores e as empresas». Muitas vezes, as pequenas empresas da área da energia «têm simplesmente dificuldade em enquadrar e comunicar o que fazem, e o objetivo da SEAF é fazer isto mesmo, permitindo que o façam de uma forma autónoma, num modelo que possa ser apresentado e facilmente entendido por um investidor, o que dá mais poder às empresas mais pequenas, e possibilita que cresçam no mercado da energia e do imobiliário».
No final do Investor Days Lisbon, realçou que «este evento é o início de um processo comercial, queremos que estas discussões se tornem reais e passem de apenas discussões».