Esta premissa verifica-se «num mundo em transformação», e numa altura em que «o 2020 já está aqui», apontou Francisco Vázquez, presidente da 3g Smart Group na abertura desta conferência. «Os espaços e as tecnologias são os facilitadores, as pessoas são o mais importante e o mais difícil». Segundo este responsável, independente dos temas abordados nas várias conferências organizadas pelo grupo, «todos são assentes no facto de que o mundo mudou, a forma como vivemos, compramos, etc. Temos uma tela em branco e temos de criar tudo de novo».
A importância das pessoas nas empresas gera concordância entre os vários profissionais e oradores convidados, em particular a questão da empatia, considerada essencial na gestão das organizações. E se, por um lado, cada vez mais temos tecnologia que substitui e facilita várias funções nas empresas, também as qualidades humanas são cada vez mais elemento de diferenciação no contexto corporativo, pois é algo que as máquinas não poderão substituir. Numa época «de grande exigência onde no mínimo se tem de ser excelente», a «aquisição e retenção de talento é essencial», notou Hélio Soares, CEO da UPPartner na sua intervenção.
Por outro lado, foi também destacada a questão da formação, que é «essencial para esta nova normalidade» e para melhor preparar os colaboradores para estas mudanças, ou a necessidade de mitigar o gap geracional onde «os mais velhos têm todos os clientes e os mais novos têm toda a tecnologia», exemplificou. E a flexibilidade é tanto ou mais importante quando «65% dos novos postos de trabalho que as crianças de agora vão ocupar no futuro ainda não foram criados. Em 15 anos teremos de criar 65% dos novos postos de trabalho, e isto é uma oportunidade extraordinária», avançou o mesmo responsável.
Sergi Corbeto, CEO do Mind the Gap, realçou uma nova geração que «terá como desafio ser mais humana e não mais tecnológica», numa revolução que considera mais antropológica do que tecnológica.
A questão da liderança, e nomeadamente o papel dos CEOs neste processo de transição para a nova normalidade, esteve também em destaque durante a conferência, com especial enfoque na confiança que deve existir na organização.
Foram também oradores convidados desta conferência Carlos Aguirre, Responsavel de Tecnologia da Sappiens, Miguel de Sousa Major, Managing Director da Oki BR Portugal, Joaquim Paiva Chaves, CEO da Malo Clinic, Jorge Marrão, CEO da Deloitte, Ana Paula Reis, Co-funder & CEO da Seldata, Bela Correia, arquiteta envolvida no projeto do Banco de Portugal, Inés Medina, Business Manager da WiZink Portugal, ou Luís Miguel Garrigos, sócio e fundador da Rebrand Strategic Design.
No encerramento do evento, Francisco Vázquez realçou a forma como a revolução tecnológica deu origem ao trabalho em mobilidade e como os espaços têm de adaptar-se ao teletrabalho: «o trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma ação. Isto alterou profundamente o conceito de espaço de trabalho», e agora é necessário «saber o que querem as empresas, de que precisam as pessoas e o que nos dá a tecnologia, e a partir daí planificar como serão os espaços. É impossível mudar hábitos e culturas sem mudar o espaço. Culturalmente todos esperamos um posto de trabalho fixo, no entanto na era digital devemos esquecer a ideia de gabinete e escritório e começar a falar de espaços digitais. O novo espaço digital ocupa entre 30 e 40% menos de metros quadrados que o espaço tradicional, com a consequente poupança de gastos».
As Workplace Design Conferences são organizadas pelo 3g Smart Group, e fazem parte de um conjunto de 25 eventos internacionais anuais promovidos em várias cidades do mundo. Lisboa acolheu a 2ª conferência de 2017.