Novos escritórios «vão refletir as novas formas de estar e trabalhar»

Novos escritórios «vão refletir as novas formas de estar e trabalhar»

 

Esta foi uma das principais conclusões do mais recente Pequeno Almoço Vida Imobiliária, organizado à porta fechada em parceria com a Cushman & Wakefield no InterContinental Lisbon, que reuniu em torno da mesma mesa vários especialistas neste mercado, desde a promoção, ao investimento, arquitetura ou ocupação.

Eric van Leuven, da C&W, acredita que «há um consenso de que, de facto, estamos num novo ciclo em muitos aspetos, e as novas formas de trabalhar serão cada vez mais uma realidade». Sendo os espaços flexíveis uma das principais tendências, considera que a grande mudança aqui está no facto de que «os flex offices não passam por alugar escritórios ou metros quadrados, e sim criar uma comunidade», dando o exemplo da WeWork, uma das empresas de renome nesta área em Londres.

Margarida Caldeira, da Broadway Malyan, acredita que os novos escritórios terão cada vez mais a ver com o lifestyle, e têm de acomodar uma força de trabalho que não quer viver com um horário fixo das 9h às 17h. E, em termos arquitetónicos, «a génese será mais ou menos a mesma. Desde que o edifício seja flexível, pode acomodar basicamente qualquer uso. Mas o core do edifício tem de funcionar muito bem e ser sustentável, com aposta na envolvente», alerta.

Pedro Seabra, da Explorer Investments, aponta que, por muita novidade que o setor veja surgir, «os espaços de cowork procuram exatamente o que um bom escritório procura: muita luz, por exemplo. O que muda é a filosofia de ocupação», explica. Carlos Oliveira, do departamento de escritórios da C&W, nota que «quando entramos no domínio dos grandes ocupantes, são adotadas algumas coisas desta realidade, mas os requisitos são muitos dos tradicionais. Mas como é que o investidor vai reagir a isto? E como será o modelo de negócio?», questiona.

 

Maior eficiência de ocupação permite aumentos das rentabilidades

José Rodriques, do cluster criativo e de coworking LACS, explica que, no caso deste espaço, «o negócio passa por ter pouca área por posto de trabalho». Espaços de trabalho que não são fixos, ocupados só em certo período do dia, permitem fazer uma espécie de overbooking. E garante que «as pessoas têm o seu espaço e estão confortáveis, podem adaptá-lo à sua maneira», e usufruem também de espaços privados.

E menos espaço por posto de trabalho pode significar mais eficiência e pode também permitir um aumento das rendas sem maior peso orçamental para o ocupante por colaborador. Pedro Ló, da APFM, aponta que «mesmo com rendas mais altas, temos o desafio de pensar como pagar menos e usar melhor o espaço através do fit out». Miguel Agostinho, também da APFM, nota que «podemos arrendar mais caro, mas também com maior eficiência em termos de margem». Até porque «constrói-se mais barato fazendo menos erros de especialidade para especialidade. E temos de ser como é que os colaboradores ocupam melhor o espaço».

A Fidelidade é exemplo disso. Vai abandonar os 6 edifícios que ocupa atualmente em Lisboa de forma «ineficiente», segundo Miguel Santana, em representação da seguradora. Vai criar «uma sede que una as pessoas», que vai acomodar 3.000 colaboradores, esperando uma poupança de «vários milhões de euros».

Também a Merlin vai adaptar o seu portfólio para que seja mais eficiente. Em breve, vai transformar por completo o edifício Monumental, em Lisboa, mantendo o ícone arquitetónico que sempre foi em Lisboa, num projeto «pensado a muito longo prazo», explicou João Cristina.