A conclusão é de um inquérito recentemente levado a cabo pela Century 21 Portugal, segundo o qual 45,3% das agências da marca notam que esta geração representa já entre 10 a 20% das transações globais imobiliárias, e 22,7% afirma que superam esta percentagem. Mais de 65% destes jovens opta por arrendar casa, e apenas 34,4% optam por comprar o imóvel, sendo que 78% procura habitação até aos 600 euros mensais, e apenas 19,5% arrendam casa entre os 600 e os 1.000 euros.
50% das lojas da marca notam que os valores médios de transação de venda de imóveis a “millennials” se situam abaixo dos 100.000 euros, 46,9% entre os 100.000 e os 200.000 euros. Procuram essencialmente fogos usados (54,7%), reabilitados (32,8%) e novos (28%). Mais de metade prefere os centros urbanos, e perto de 40% quer viver próximo do local de trabalho e em zonas residenciais, junto a acessibilidades e transportes públicos, supermercados, centros comerciais, infraestruturas de lazer e desporto ou escolas.
Oferta escasseia
Apesar de estes consumidores terem uma importância crescente no mercado imobiliário, o produto que procuram escasseia. Estão a ser colocadas menos casas no mercado de compra e venda ou de arrendamento no nosso país, e a situação é ainda mais notória no caso do arrendamento, especialmente no intervalo de preços procurado, e nos centros urbanos. Os dados da Confidencial Imobiliário apontam para uma subida dos preços das casas de 4% nos próximos 5 anos a nível nacional, que poderá ser superior em Lisboa. E, no final de 2016, registavam-se já 18 meses consecutivos de aumento de rendas, com cada vez menos colocações no mercado.
Ricardo Guimarães, diretor da Ci, comenta que «quase todos os inquiridos evidenciaram a falta de casas em ambos os mercados. O claro decréscimo nas novas construções e, ao mesmo tempo, a orientação dos novos investimentos essencialmente para reabilitação e para fins não residenciais» são alguns fatores para esta redução contínua da oferta de casas, que o especialista considera estar a «tornar-se um entrave para as famílias que procuram uma casa compatível com as suas necessidades».
Por outro lado, segundo o Lisbon Residential Brick Index, apresentado pela CBRE durante a Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, o valor dos arrendamentos em Lisboa cresceu 23% em 2016. A renda média contratada foi, assim, de 830 euros por mês, sendo que o valor chega aos 1.070 euros no caso dos fogos novos. Os preços são mais caros nas zonas residenciais de Lisboa, como o Parque das Nações ou as Avenidas Novas, com preços médios de 1.080 e 998 euros mensais, respetivamente.
Ricardo, Sousa, Administrador da Century 21 Portugal, acredita que «esta nova geração de consumidores está a obrigar o setor imobiliário a abandonar a lógica de foco no produto para passar a focar-se no serviço, nas pessoas e nas suas necessidades específicas. Neste contexto, o papel do consultor imobiliário torna-se fundamental», acredita este responsável. Explica que «os consumidores que procuram informação e conteúdos online, para iniciar o processo de compra ou arrendamento de um imóvel, precisam, incontornavelmente, do apoio de um consultor imobiliário, superiormente preparado, para os ajudar em cada etapa do processo».
Avança ainda que «em Portugal, estima-se que existam cerca de 1,8 milhões de indivíduos que pertencem à Geração Y. Este jovens estão a incorporar-se, gradualmente, na vida ativa e dentro de poucos anos serão o principal ativo da economia nacional. Os “millennials” trouxeram um novo nível de exigência e uma mudança de orientação no modelo de negócio das empresas, com maior foco na qualidade de serviço e no consumidor. O setor imobiliário deve liderar esta mudança de paradigma, para se ajustar às tendências de consumo que irão marcar as dinâmicas do mercado nos próximos anos».