Falando durante um Executive Breakfast, promovido pela APPII, partilhou que «há uma grande preocupação» com várias questões da cidade, nas quais se incluem «a sobrecarga das infraestruturas pelo turismo», ou «as questões dos planos de drenagem». «É preciso olhar para áreas menos tratadas e mais desfavorecidas que têm ficado ao abandono», como questões de saúde ou de acessibilidade, bem como as condições de habitação dos bairros sociais, onde habita quase 20% da população, «o que não é irrelevante. Em muitos deles pouco ou nada foi feito depois da entrega da casa, e há 1.600 casas a precisar de qualificação que ainda não foram atribuídas em Lisboa», avançou.
A área dos transportes públicos da cidade é uma das maiores preocupações desta candidata: «percebemos que tem de haver um investimento central nessa área», dando como exemplo os problemas que se constatam no Metro ou no trânsito automóvel.
Outro dos temas centrais da cidade é o turismo, que «ainda é uma novidade que tem de ser bem percebida e integrada, o pior que podemos ter é um discurso de “turistas a mais”. O tema tem de ser tratado com cuidado sem matar o assunto e fazendo pequenos ajustamentos». Sem esquecer a habitação, nomeadamente para as classes médias, para os jovens ou famílias com filhos, «que tem dificuldade em encontrar habitação na cidade». Assunção Cristas acredita mesmo que o terreno da antiga Feira Popular, que ainda não encontrou interessados no mercado de investimento, poderia «ser usado para construir habitação num modelo a pensar, cujo resultado final seja arrendamento. Não nos parece impossível falar em rendas 30% mais baixas (…) consoante o interesse dos investidores», explicou.
Setor pede agilização dos processos
Uma das questões abordadas pelos profissionais presentes neste encontro, e que é recorrente no setor, é a questão dos licenciamentos e das «burocracias» envolvidas, que muitas vezes chocam com «os timings específicos do setor», lembrou o presidente da APPII, Henrique Polignac de Barros. «Será que é necessária tanta complexidade para se chegar a uma conclusão sobre o projeto?», questionou.
Assunção Cristas sente que «a Câmara Municipal de Lisboa muitas vezes não funciona como agente proativo desenvolvedor da cidade», dando o exemplo dos licenciamentos e da rapidez (ou morosidade) dos mesmos: «há muito stock de projetos na CML à espera para ter decisões».
A responsável acredita que a aplicação da lei é diferente do que pode estar escrito na mesma, e que a solução pode passar por «reduzir a intervenção de alguns funcionários» nos processos, pois considera que o problema está muitas vezes «na parte organizacional. Não se resolve só pela legislação, porque senão ela é ineficaz».
Outras questões como a competitividade de Lisboa a nível internacional, o student housing, a taxa turística da cidade e os seus destinos, o tecido económico da cidade ou as lojas históricas foram outros dos temas debatidos com a candidata à autarquia neste encontro que se realizou esta 5ª feira no Altis Grand Hotel, em Lisboa.