Catarina Esteves, directora da Prime Yield MZ, comenta em comunicado que «além do valor intrínseco e tangível de um imóvel, e, portanto, deste ser um ativo ao qual, quer sejam pequenos aforradores ou investidores de maior porte, sempre se associa segurança, o imobiliário é uma classe de activos que tende a ser abordada como um investimento refúgio sempre que os setores financeiros estão mais instáveis ou com maior turbulência».
Assumindo esta como «a perspetiva actual em Moçambique», realça que «apesar da actividade do mercado estar, de forma generalizada, estagnada, inicialmente com descidas nas rendas e numa fase posterior nos valores de venda, existe bastante oferta disponível e há procura com motivação de comprar para aplicar capital. Num cenário em que a concessão de crédito está muito restritiva e em que existe uma elevada desvalorização da moeda local, quem tem capitais próprios disponíveis encara o momento como bom para criar ou aumentar carteira de imóveis em Moçambique».
No último ano, o imobiliário moçambicano estagnou de uma forma generalizada em vários segmentos, fortemente impactado pela quebra do preço das commodities, pela desaceleração da economia, pela instabilidade cambial ou pelo cenário político pouco estável. Segundo a consultora, o abrandamento do mercado é sentido tanto na ocupação e vendas como na promoção imobiliária, estando em construção, na grande maioria dos casos, apenas projectos iniciados há aproximadamente 1 ano.
No caso dos escritórios, os projectos em desenvolvimento foram pensados à escala das prometidas explorações mineiras de gás e carvão, entretanto colocadas em stand by, nomeadamente na zona prime de Maputo. Tratam-se de projectos recém-inaugurados ou a entrar agora no mercado, pelo que a Prime Yield não prevê novos investimentos de relevo neste segmento a curto prazo.
Por outro lado, a procura abrandou significativamente, nomeadamente com a saída de algumas multinacionais do país ou com a re-estruturação dos seus planos de investimento. Como resultado, as rendas desceram em torno de 15% face a 2015, com os escritórios no Bairro Central C a rondar os 30 dólares por metro quadrado/mês, e os 27 dólares no caso da Polana Cimento.
Na habitação, os novos projectos apresentam uma tendência semelhante aos escritórios, já que são projetos maioritariamente lançados há 1 ano, e não se prevêem investimentos significativos de construção nova nos próximos tempos, pelo que a oferta deve manter-se desajustada à procura. Por um lado, a construção fora das zonas mais centrais, mais barata e acessível, tem sido adiada devido à instabilidade político-financeira do país, mantendo-se o desajuste entre oferta e procura, com a oferta existente bastante centrada no segmento de gama alta, ao passo que a classe média, a franja mais expressiva da procura, não encontra produto adequado.
Actualmente, no mercado de compra e venda de habitação os preços mais afectados foram os das moradias em Sommerschield, que desvalorizaram 10% para os 2.700 dólares. Os apartamentos na zona de Polana Cimento mantiveram-se em linha com o ano anterior, também no patamar dos 2.700 dólares.
A nota é também de abrandamento no turismo, onde inaugurou apenas 1 hotel de 258 quartos em 2016, com as diárias médias em Maputo a descer entre 23% e 46% nas categorias de 3, 4 e 5 estrelas para os 70 dólares por noite no caso das 3 estrelas, 180 dólares nas 4 estrelas e 246 nas 5 estrelas. Segundo a Prime Yield, até 2018 deverão ser concluídos pelo menos outros 4 hotéis na área metropolitana de Maputo e Matola. Tete, Pemba e Beira são destinos que podem beneficiar de um novo dinamismo a médio prazo com o novo aeroporto de Nacala Porto.
Catarina Esteves nota ainda que, apesar dos desafios do momento, «é necessário ter a capacidade de olhar para o futuro e preparar o investimento numa perspectiva de mercado de longo prazo. É preciso manter o ciclo de produção imobiliária alimentado, tendo em conta que é um processo longo e que não é imediatamente ajustável às mudanças da procura, e que continua a existir uma procura real de habitação por satisfazer. Por outro lado, também é verdade que, apesar de se reajustarem à nova realidade económica, muitas multinacionais não desmobilizaram, já com os olhos postos no médio e longo prazo e no arranque esperado dos mega-projectos. Temos, tal como estas empresas, que mostrar confiança no país e no imobiliário, que é um sector com muitas oportunidades e um enorme potencial por concretizar», completa.