Na realidade, traduz uma preocupação da ULI que se prepara para publicar um interessante research, que demonstra que este é um problema em todas as grandes cidades do mundo desenvolvido. Com a valorização do mercado imobiliário no centro das cidades, que espaços de futuro estamos hoje a construir? Se as pessoas que trabalham nas cidades e fazem acontecer a sua vida não encontram uma habitação que possam comprar, o que estamos a fazer?
A qualidade de vida das populações diminuí de forma drástica, com longos períodos de viagem casa – trabalho e com uma pressão de investimento público, nomeadamente em transporte público, que é impossível de suportar pelos governos no atual contexto económico. Além de não ser ambientalmente sustentável pela pressão de carbono em mais e mais quilómetros.
Uma realidade expressa de forma muito crua e urgente pelo Deputy Mayor de habitação de Londres, James Murray, que expôs o plano de Londres de forma muito clara. Considerando que não é suficiente, a política atual de licenciamento de nova construção em Londres que obriga a que 30% de cada nova promoção imobiliária seja destinada a habitação a preços controlados. Uma política que é consistente e está a ser praticada à vários anos e que ganhou consenso político. O desafio é considerar que esta medida ainda não é suficiente e avaliam novas medidas para acelerar a produção de habitação em geral, com a preocupação de manter sempre uma parte de habitação a custos controlados.
O representante de Estocolmo alinha nesta visão, com um plano de promoção de solo para trazer à cidade 40 mil novas habitações até 2020. A preocupação é decalcada, para permitir um crescimento também nas franjas de população mais desfavorecida.
E a crise dos refugiados...?
E como o mercado imobiliário vai reagir à crise dos refugiados? O tema também entrou na Conferência ULI com direito a um painel de debate. O research da ULI assinala o impacto positivo que a emigração tem no crescimento do PIB dos países e das cidades, representando a emigração uma injeção de mão de obra barata, que é essencial para alimentar o crescimento das grandes cidades. O desafio é o de alojar estes novos residentes de formas definitivas, mas condignas.
O imobiliário comercial obsoleto e a sua reconversão para habitação é uma solução apontada em várias cidades que tem esta capacidade, nomeadamente na Alemanha e algumas cidades americanas. Quer seja em zonas centrais das cidades, quer em zonas de reconversão industrial em locais agora centrais, são apontadas como oportunidade para o investimento imobiliário. Além de poderem constituir um interessante e rentável investimento, corresponde à responsabilidade corporativa que grandes empresas devem acautelar no seu envolvimento social.