Os pouco mais de 30 anos que medeiam o primeiro regulamento de gestão de consumo de energias, muito direcionado para a indústria e setores da restauração e hotelaria, e o Regulamento sobre o Desempenho Energético dos Edifícios «mudaram mentalidades», reconhece Sofia Santos, Secretária Geral da BCSD Portugal, que falava, a 18 de janeiro, no Porto, durante o Investor Days. «Os investidores estão a procurar mais informação sobre a responsabilidade ambiental das empresas, sobre as soluções energéticas e começam a avaliar os retornos a médio/longo quando a questão é ‘o que é um bom investimento?’». E acrescenta que também «a banca começa a entender como a energia e eficiência energética, em particular, são pressupostos essenciais da sustentabilidade e viabilidade do negócio». É uma nova realidade «alavancada pelas grandes opções políticas», que de há vários anos a esta parte têm promovido a «multiplicação de benefícios fiscais e a criação de novos instrumentos financeiros e programas de apoio à reabilitação energética do parque edificado nacional», salientou João Correia Bernardo, diretor de serviços da Direção de Serviços de Sustentabilidade Energética da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Regime da certificação energética dos edifícios deverá ser revisto este ano
No decorrer deste ano são esperados dois importantes contributos, em duas áreas distintas, por um lado a revisão do Decreto-Lei n.º 118/2013 que aprova o Sistema de Certificação Energética dos Edifícios, o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços e, por outro, o arranque do Programa Casa Eficiente, com uma proposta de financiamento de 100 milhões de euros e que pode alavancar investimentos até aos 200 milhões de euros.
IFRRU 2020 alia eficiência energética à reabilitação urbana
No terreno desde outubro de 2017, está o Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas – IFRRU 2020, que pretende agilizar e introduzir mais rigor nos financiamentos e incentivos à eficiência energética na reabilitação urbana. São cerca de 1.400 milhões de euros para apoiar projetos de reabilitação urbana com uma componente de promoção e melhoria energética. Para Hugo Santos Ferreira, vice-presidente Executivo, da APPII, «há financiamento para reabilitação urbana e a melhoria energética é condição de acesso» a estes fundos. Na sua opinião, quer o IFRRU 2020, quer o Casa Eficiente são instrumentos de apoio financeiro que «apelam à eficiência energética».
Investimento em eficiência energética aumentou 9%, em 2016
Na ocasião, Sofia Santos apontou também o «número crescente de investidores que começam a alienar capitais dos seus fundos de pensão investidos em empresas de combustíveis fósseis». Mas há mais indicadores desta nova dinâmica. «Em 2016 o investimento em eficiência energética aumentou 9%, face a 2015, o único segmento do setor da energia que aumentou», referiu João Correia Bernardo.
Organizado pela RdA – Climate Solutions e pelo Investor Confidence Project (ICP) Europe, com o apoio da BCSD e da Ordem dos Engenheiros, o Investor Days Porto teve 20 oradores numa sessão que contou com quase 100 especialistas, de diferentes quadrantes, no auditório da Ordem dos Engenheiros da Região Norte.