A informação foi divulgada na apresentação de resultados e tendências para 2016 da consultora, esta 4ª feira. Na ocasião, a CBRE avançou ainda que os resultados do ano passado foram também 29% superiores aos do seu recorde anterior, de 2007.
Pelas contas da consultora, em 2015 foram investidos cerca de 2.000 milhões de euros em imobiliário em Portugal, sendo que o seu departamento de investimento assessorou 13 transações no valor de 260 milhões de euros, envolvendo 7 edifícios de escritórios, 3 centros comerciais, 4 lojas de comércio e um ativo logístico.
Uma das mais recentes transações com a qual a CBRE fechou o ano, e que destacou na ocasião, foi a venda do edifício Praça Marquês de Pombal 1, situado na praça lisboeta de mesmo nome, que alberga alguns espaços comerciais, o restaurante Great American Disaster ou o hotel Florida.
Este edifício foi comprado (por um valor não divulgado) a uma família portuguesa por um investidor chinês, não sendo esta a primeira compra do empresário em Portugal. Tem uma área total de 9.000m². De salientar que este é o 8º edifício comercializado pela CBRE nesta praça nos últimos 18 meses.
Francisco Horta e Costa, diretor geral da empresa, nota que «estes resultados refletem o momento positivo que o mercado imobiliário português atravessa, mas também o posicionamento estratégico adotado pela CBRE em setores chave, que nos permitiram concretizar transações emblemáticas como a venda de Vilamoura ou de 3 centros Dolce Vita».
A consultora entra em 2016 com um pipeline de negócios para o 1º trimestre de cerca de 400 milhões de euros, «parte são derrapagens de 2015», explica o responsável. Este valor inclui «um pouco de tudo, mas essencialmente operações de escritórios, alguma logística, não tanto centros comerciais», revelou.
À semelhança do que avançam também outras consultoras, a CBRE regista o interesse de vários tipos de investidores, nomeadamente brasileiros, alemães, portugueses e anglo-saxónicos. Francisco Horta e Costa nota que «na reabilitação urbana os investidores são ainda mais diversos».
«Em 2016 devemos ficar entre os 1.500 e os 2.000 milhões de euros»
O diretor geral da CBRE acredita que o volume total investido em Portugal este ano deverá rondar os 1.500 a 2.000 milhões de euros, «se se mantiver a situação de recuperação atual de Portugal, as taxas de juro próximas de 0, entre outros fatores», salienta. No que diz respeito ao novo Governo, os investidores «não se mostram preocupados», apesar de quererem estabilidade fiscal. «Pediram-nos opinião sobre o novo governo apenas para terem uma perspetiva local», sem impacto nas suas decisões.
Por outro lado, a CBRE acredita que deverá haver uma retoma da promoção, particularmente no Algarve, onde poderá dar-se o «reinicio de um ciclo de construção, onde já existe produto datado. Nas zonas mais consolidadas não há já produto para vender, como é o caso de Vilamoura ou da Quinta do Lago, e os investidores começam a olhar para estas zonas, à semelhança do que se passa no sul de Espanha».
Ainda na área do turismo, é de esperar «que cresçam as operações relacionadas com a atracão, seleção e negociação de operadores para a gestão de ativos hoteleiros existentes ou em desenvolvimento, assim como a revisão conceptual de modelos de negócio para empreendimentos turístico-imobiliários integrados».
Francisco Horta e Costa acredita também que poderemos ver mais transações de «4 ou 5 centros comerciais», vendas de lojas de rua, de escritórios, mas «talvez menos transações logísticas», palpitou. Neste ano, é de esperar uma continuação da «grande pressão na procura de imóveis em Lisboa» para reabilitar, com os investidores gradualmente a «procurar localizações alternativas com destaque para as zonas prime do Porto».
Já no que concerne os escritórios, avançou que este setor «vai caracterizar-se pela escassez da oferta de qualidade com alguma dimensão, o que irá provocar uma forte tendência para os pré-arrendamentos de imóveis a reabilitar ou a construir de raiz», como é já o caso do novo edifício de escritórios de Picoas, atualmente em construção: segundo a consultora, fontes próximas do projeto referem haver um pré arrendamento de perto de 90% da área por 3 empresas, entre as quais uma sociedade de advogados, o que é «um sintoma positivo do mercado». Nesta área, de salientar também o crescimento do interesse na zona ribeirinha de Lisboa, onde, a seguir à sede da EDP já instalada, deverão surgir novos projetos, alguns deles já anunciados.