«O capital já não tem nacionalidade»

«O capital já não tem nacionalidade»

Num mundo cada vez mais conectado, e num mercado cada vez mais globalizado, mais do que países, hoje os grandes investidores desenvolvem as suas estratégias de alocação de capital com foco em cidades e macro-regiões. «Os grandes players asiáticos e norte-americanos não olham para Espanha ou para Portugal de forma individualizada ou como um território nacional isolado, mas sim para as suas cidades e para estes territórios como parte integrante de uma região mais vasta, a Iberia, defende aquele responsável. Uma ideia comum a Mikel Marco-Gardoqui, Head of Capital Markets da CBRE España, para quem o investimento imobiliário se desenvolve hoje «como um mercado essencialmente de cidades e não de países» e com «Madrid, Lisboa e Barcelona a serem os grandes eixos ibéricos». E, Carlos Lobo não tem dúvidas que «esta lógica de termos um mercado de cidades e não de países, é algo que se vai acentuar cada vez mais no futuro!».

Esta foi, aliás, uma das grandes tendências apresentadas esta terça-feira naquele que foi o último almoço-conferência Vida Imobiliária de 2017, dedicado ao «Investimento Imobiliário na Europa e em Portugal: Tendências e Evolução», tema que foi trazido a palco por estes dois especialistas.

 

Bons ventos de Espanha trazem lições para o setor

Mikel Marco-Gardoqui, Head of Capital Markets da CBRE España, foi primeiro a subir ao palco, traçando um retrato geral da forma como o mercado de investimento imobiliário se transformou radicalmente em Espanha na última década. «Há algumas coisas que se passaram em Espanha que cremos que podem vir a repetir-se em Portugal», começou por dizer.

É o caso por exemplo, das socimi – as sociedades de investimento imobiliário inspiradas na modelo dos REIT’s que nos últimos anos fizeram disparar a capitalização do mercado espanhol - que foram uma ferramenta fundamental para a atração de inúmeros grandes investidores estrangeiros para o país. «Apesar deste sucesso, importa saber que anteriormente já tinham havido várias tentativas em Espanha para criar e implementar um modelo de REIT’s em Espanha, mas a fórmula de sucesso não apareceu logo», lembrou o responsável da CBRE, fazendo um paralelismo com aquilo que se passa hoje em Portugal, onde a criação de um regime equiparado aos REITs continua a ser uma das reivindicações do setor. «Mas, agora passado um par de anos desde a sua entrada em funcionamento, o seu efeito está à vista e os números falam por si: 12.000 milhões de euros em valor de mercado. Já para não falar que o seu efeito vai além da fronteira espanhola, e é benéfico para todo o mercado ibérico», diz ainda, exemplificando com o caso da Merlin que, sendo uma das maiores socimis espanholas, é também um investidor de referência em Portugal, e tem como objetivo «continuar a ganhar visibilidade a nível ibérico».

Reunindo mais de uma centena de pessoas no hotel Intercontinental Lisboa, o evento foi organizado pela Vida Imobiliária com o apoio da ULI – Urban Land Institute, e contou com os patrocínios do Grupo SIL, CBRE, EY, Schmitt Sohn Elevadores e Uria Menendez Proença de Carvalho.

 

Leia a reportagem detalhada na próxima edição da revista Vida Imobiliária, onde poderá conhecer a fundo as tendências que prometem orientar o setor e o investimento imobiliário em 2018.