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Entrevista ao diretor geral da UCI e presidente da EMF: Roberto Colomer

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Imobiliário: um setor de enorme relevância nas nossas vidas

O imobiliário é um dos temas que marca presença constante nas nossas vidas, acima de tudo porque é hoje um setor de atividade que agrega diferentes e diversos aspetos da vida em sociedade. Questões ideológicas, financeiras, familiares, profissionais, políticas, fiscais, culturais entre tantas outras, estão intrinsecamente ligadas ao imobiliário. Assim, tamanha relevância deverá ter como consequência óbvia cuidar do imobiliário como um pilar estrutural da nossa vida.

É comummente aceite que a confiança é parte integrante desse pilar que todos têm o dever de cuidar. Importa, portanto, acrescentar que a confiança não é, nunca foi, ou será, um resultado que se obtém por decreto. A confiança, tal como nas nossas vidas, existe quando é conquistada, e por isso aplica-se também ao imobiliário.

Quando nos chegam os alertas de organizações nacionais e internacionais, do Banco de Portugal ao FMI, que coloca Portugal no topo da lista dos países mais vulneráveis a uma crise no setor imobiliário, devemos sentir a urgência de querer alcançar uma situação sustentável, que perdure no tempo e que não prejudique nenhuma das partes, nem os bancos, nem as pessoas. Por exemplo, é evidente que reduzindo o preço do parque habitacional, corremos o sério risco de desvalorizar as casas, o que trará problemas para os bancos, e principalmente, para as pessoas que têm nelas o seu maior ativo e património. Sabemos que 70% das famílias portuguesas é proprietária de um imóvel, por isso qualquer descida generalizada das casas, só limitaria a sua capacidade financeira e, consequentemente, fragilizaria a confiança que o setor imobiliário tanto procura. Assim, entendemos que o mais importante é que a oferta seja incrementada significativamente, com uma distribuição geográfica adequada e em segmentos de preços significativamente mais acessíveis.

Ao procurar por agora deixar de lado as especificidades tão importantes das diversas medidas recentemente anunciadas pelo Governo para a habitação, importa “olhar” para o seu lado mais abrangente e estrutural. Ao fazê-lo, encontramos desde logo um fator que deve exigir toda a atenção. Qual é o principal objetivo das medidas anunciadas? Estará este objetivo a responder às principais necessidades do mercado como o conhecemos hoje? E nas respostas a esta questão, talvez se encontre o verdadeiro desafio que merece ser superado. Se o setor imobiliário é indissociável das nossas vidas, continuemos a unir toda a reflexão necessária e saibamos nutri-lo e desenvolvê-lo com decisões ajustadas e que ajudem a conquistar a confiança das pessoas e do mercado.

Entrevista ao diretor geral da UCI e presidente da EMF: Roberto Colomer