Viva a vida na cidade!

Se antes a procura pelas periferias era sinónimo de qualidade de vida ou de estatuto social, pelo tão desejado sossego, pela inexistência de trânsito, pela fuga à rotina, pela baixa taxa de criminalidade, hoje os portugueses refugiam-se no centro da cidade para estar no centro da vida, onde tudo acontece. Esta mudança de paradigma deve-se à existência de novos critérios que ditam as preferências.Hoje, valoriza-se mais a proximidade ao local de trabalho, o acesso ao comércio tradicional, a vasta oferta cultural, como o teatro, as exposições, os museus, o simbolismo da zona histórica ou a diversidade de restaurantes e bares.Estas são preferências que têm reflexos na própria organização urbana. Os atuais centros urbanos são polos de atração sete dias por semana, também fruto do aumento do turismo, afastando-nos do cenário das cidades fantasma à noite e durante os fins-de-semana. Novas avenidas com jardins, parques, esplanadas, zonas sem carros, animação local florescem e são invadidas por famílias, convidando a viver a vida na cidade e a um novo lifestyle multicultural e típico das capitais Europeias.O mercado imobiliário tem acompanhado esta nova procura. Nesse sentido, e para responder às expetativas destes novos residentes urbanos – cosmopolitas e experimentalistas, mas simultaneamente pragmáticos e muito exigentes – aposta na reabilitação urbana de qualidade, de edifícios emblemáticos e estrategicamente localizados, anteriormente subaproveitados, transformando-os para dar resposta às novas necessidades e utilizações.Apesar de muito se falar sobre a qualidade da reabilitação que se tem feito nas nossas cidades, é inegável o prevalente cuidado e respeito pelo legado histórico e arquitetónico. Haverá com certeza exceções, mas a regra revela-nos que os desafios impostos têm sido ultrapassados com a crescente profissionalização do setor. Para esta melhoria contínua contribui igualmente um cliente-tipo, cada vez mais atento e informado, que vê na reabilitação um contributo para a sustentabilidade, e que exige do promotor uma busca cada vez mais atenta, não só das melhores soluções técnicas, mas também das mais eficientes práticas ambientais.O próximo desafio do setor passa por procurar maximizar o desempenho dos edifícios reabilitados, minimizando o custo da intervenção, sem descurar naturalmente uma série de fatores essenciais que não podem ficar esquecidos neste processo, tais como a segurança dos edifícios à ação sísmica, a segurança contra incêndios e a qualidade e robustez estruturais.A reabilitação urbana representa, sem dúvida, o caminho para inverter a degradação do espaço construído, que tem permitido a revitalização dos centros históricos e, num segundo momento, será essencial para reestruturar as periferias.

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