Visão para o mercado imobiliário face à crise da Covid

O impacto é pois muito mais profundo e duradouro do que se imaginava e sobretudo do que se desejava. Porém, o início do programa de vacinação abre perspetivas otimistas para o ano de 2021.No último boletim Especial Covid-19 do INE, é possível obter os principais dados estatísticos relativos ao sector da construção e da habitação para o ano em curso e, daí extrair comparações face aos anos de 2018 e 2019. Regista-se nos dois quadros seguintes, a título de exemplo, o valor e o número de vendas de alojamentos familiares, que se verificaram nos primeiros três trimestres de 2018, 2019 e 2020, bem com as taxas de juros implícitas nos contratos de crédito à habitação.Na sua Síntese Estatística da Habitação, de novembro de 2020, a AICCOPN (Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas do Norte), regista também um conjunto de indicadores para o sector da construção, nomeadamente:Consumo de cimento no mercado nacional, no 3º trimestre de 2020 - manteve uma tendência de crescimento sustentado, com um aumento homólogo de 11,7%.Emissão de licenças de construção nova e reabilitação de edifícios habitacionais pelas Câmaras Municipais - no 3º trimestre de 2020 e face ao trimestre precedente aumentou 12,2%. No entanto, no cômputo dos primeiros nove meses do ano, assiste-se a uma diminuição de 2,2%.Novo crédito para aquisição de habitação, desde o início do ano - foram concedidos 8,1 mil milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 6,9%.face a igual período do ano anterior.Valor mediano de avaliação bancária, no âmbito da concessão de crédito à habitação até Setembro - 1.128 euros/m2 e que traduz uma subida de 5,8% comparado com Setembro de 2019.Deste modo, face aos números apresentados, somos levados a concluir que, até ao terceiro trimestre de 2020, o setor da construção e o imobiliário habitacional em particular, tiveram no nosso país um desempenho muito aceitável e, que a região do Grande Porto acompanhou essa tendência. No terreno, constatamos que os negócios voltaram a acontecer registando-se boa procura para o arrendamento habitacional e para a habitação própria. Na nossa opinião, este segmento é o eterno e consistente pilar do imobiliário.Por tudo o que foi referido, uma vez que em 2020, os preços de venda estabilizaram, o número de transações diminuíram em número mas não em volume de negócios , as taxas de juro continuaram historicamente baixas, o crédito e as avaliações bancárias aumentaram e, indicador importante, o número de licenças de construção emitidas em 2020 tendo diminuído ligeiramente, evidenciam uma tendência de crescimento, cremos que o imobiliário habitacional tem condições intrínsecas positivas para o seu estabilização. Há mesmo assim, que ter prudência nas decisões e ter em atenção variáveis que podem ser muito negativas para o sector, como por exemplo o aumento do desemprego e o fim das moratórias.Já quanto aos negócios imobiliários que têm por foco o turismo e os serviços, e que foram forçados a “hibernar”, a recuperação será com certeza mais lenta. O TEMPO é e será sempre a variável fundamental da equação.

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES