A guerra na Ucrânia, ao expor a Europa à dependência do gás e do petróleo da Rússia, veio alertar os dirigentes políticos para a necessidade e urgência de acelerar a produção de fontes de energia renováveis. O pesadelo da guerra e a chantagem russa trouxeram, apesar de tudo, um novo desafio à União Europeia que é o de alcançar a independência energética mais depressa do que o previsto.
Esta ambição é liderada por Portugal, com o Primeiro-ministro, António Costa, a afirmar que o nosso país está a estudar as condições que permitam antecipar de 2050 para 2045 a meta da neutralidade carbónica. Nesta equação difícil, de cumprir ou antecipar as metas da descarbonização, os edifícios são essenciais e vão obrigar a um acelerar de todas as políticas e medidas previstas no Pacto Ecológico Europeu, no RePowerEU ou na Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE).
Os edifícios continuam a ser os maiores consumidores de energia na Europa, com 40% da energia total utilizada e responsáveis por 36% dos gases com efeito de estufa emitidos. Se nos fixarmos nas residências percebemos que o aquecimento, a refrigeração e a água quente para uso doméstico são responsáveis por 80% da energia consumida pelas famílias. É por isso que o setor imobiliário e a construção desempenham um papel fundamental no processo de descarbonização.
Na Semana da Reabilitação Urbana do Porto 2022, a ADENE quis juntar os dirigentes autárquicos, representantes do setor do imobiliário e da construção e as entidades que apostam na Sustentabilidade para discutir o papel dos Municípios na estratégia de descarbonização e na ELPRE e avaliar a importância do Pacto do Porto para o Clima e como a reabilitação urbana pode ser um aliado da descarbonização.
O Porto, que pretende ser uma cidade neutra em carbono, resiliente, competitiva, justa e participativa, desenvolveu o seu Pacto para o Clima, convidado todos os cidadãos e instituições a subscrever este importante documento, que tem o objetivo de antecipar a neutralidade carbónica até 2030.
O debate que a ADENE coorganiza com a Câmara do Porto, Ordem dos Engenheiros Técnicos e com a Vida Imobiliária, pretende saber como pode o setor da construção e do imobiliário dar o seu contributo para o Pacto para o Clima.
O Porto já provou ter a capacidade e experiência para liderar a transição energética, desenvolvendo políticas e medidas em áreas-chave como os transportes e a renovação dos edifícios, e a fileira da construção e do imobiliário tem sido um importante aliado de uma cidade mais sustentável. É urgente concretizar a transição climática e energética. O planeta assim o exige.