Josep Maria Pons é um veterano na organização de eventos, com 20 anos de organização dos Symposiums do Barcelona Meeting Point. Com o apoio da Merlin, da Azora e da Savills, Josep Maria apresentou-nos dois dias de exceção! Entre o apocalipse e a visão de um futuro luminoso Square começou da pior maneira! Uma visão apocalíptica de Daniel Stelter, economista alemão com curriculum na renomeada consultora norte-americana BCG – Boston Consulting Group e que se apresenta com o blogue “Beyind The Obvious”. A tese de Daniel Stelter é simples. Continuamos a viver numa pirâmide de dívida que não é sustentável e nos vai levar a uma nova crise financeira à qual o próprio Euro não vai sobreviver. Enquanto as famílias e as PME’s foram obrigadas a diminuir o volume de dívida, os principais países Europeus não conseguiram diminuir de forma nominal as suas dívidas e as grandes empresas europeias também não conseguiram muito melhor. As dívidas públicas conseguiram, nos melhores casos, uma pálida redução em termos relativos ao PIB mas continuam a crescer nominalmente. Os instrumentos de intervenção das autoridades monetárias estão esgotados, com as taxas de juro de referência do BCE já em níveis negativos e com enormes programas de cedência de liquidez. Numa palavra, perante uma nova crise financeira, esta ameaça ser pior porque já não há instrumentos de política monetária para utilizar. Daniel Stelter faz uma brilhante análise da ligação da economia ao presente momento político. Numa análise simples, o rendimento de um trabalhador médio europeu ou norte-americano não parou de cair nos últimos 30 anos. Desde os anos 80 que uma família média tem cada vez menos poder de compra, com uma crescente desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres. Acresce que foi a classe média europeia que mais sentiu a crise financeira, com mais desemprego, congelar de vencimentos e uma pressão para reduzir dívida. Temos assim uma elite cosmopolita que vive nas grandes cidades, perante uma classe média mais rural e suburbana, mais pobre e revoltada. Ficam explicados desta forma fenómenos como o Brexit, a eleição de Donald Trump e a ascensão dos partidos políticos fora do eixo tradicional. Um movimento que está no início, nas palavras de Daniel Stelter e que alimentada com uma nova crise financeira vai ser o rastilho para uma reconfiguração da Europa como hoje a conhecemos. E o bom momento económico em que vivemos nos últimos cinco anos? Na opinião de Daniel Stelter tem uma explicação simples. O impulso do consumo privado Chinês representou uma “bolha de oxigénio” para a industrial alemã, que tem um grande efeito de arrasto sobre a economia europeia. Este motor de crescimento chinês está a arrefecer e a economia alemã de imediato ficou à beira da recessão... apenas porque as importações chinesas deixaram de crescer! E os fundamentais da economia Europeia para suportar o crescimento? Num cenário demográfico negativo e com restrições à emigração, não há dinâmica demográfica para suportar a economia. O fator produtividade tem sido um contributo positivo, mas débil demais para justificar um crescimento económico sustentado. Ou um futuro luminoso... Nos antípodas de Daniel Stelter está Howard Sauders, que se apresenta como “Retail Futurist”. A proposta é ler os sinais de hoje para antecipar um futuro próximo. Howard Sauders não tem dúvidas. Somos os humanos mais felizes e com maior qualidade de vida que alguma vez viveu à superfície deste planeta. Nunca tivemos tanta saúde, vivemos tanto tempo, com o menor número de guerras e conflitos, menos crime, mais informados, mais conectados! Numa palavra, nunca tivemos tantas condições para ser felizes e nunca fomos tão conformados com um futuro cinzento! Saunders acredita que a evolução tecnológica não está estagnada, antes acelera de forma vertiginosa com um impacto crescente na nossa vida diária. Há investigação aplicada que está neste momento a chegar ao nosso dia-a-dia e que vai mudar a forma como nos relacionamos e vivemos. A mobilidade elétrica está à nossa porta, já acontece hoje, deixou de ser uma promessa para a próxima geração. A inteligência artificial e a robotização estão a arrombar a porta da nossa casa e das nossas empresas. Vamos precisar de menos operários, vamos ter mais desemprego entre os “blue Collars”. Em contraponto vamos ser uma sociedade com muito mais tempo disponível, prometendo Sauders uma evolução espetacular das indústrias criativas. Desde o lazer à cultura, vamos multiplicar várias vezes o número de empregos criativos, na criação de experiências cada vez mais intensas. Howard Sauders é um homem que faz carreira como consultor das maiores empresas de retail, permitindo impactar de forma mais direta uma audiência de profissionais de imobiliário. A palavra mágica é experiência. As áreas comerciais estão a reinventar-se para serem novos espaços de cultura, encontro e experiência. Deixam de ser pontos básicos de consumo, passam a proporcionar espaços de encontro para uma população com cada vez mais tempo! E o imobiliário.... Sinais dos tempos, passaram por Ibiza todos os atores da nova economia.... Airbnb, Expedia, WeWork, A&O Hostels, The Student Hotel. Todos estes novos atores prometem revolucionar através do impacto da tecnologia o mercado imobiliário. Novos conceitos para a Geração Y, como a define Lousie Morrisey da IPSOS e um pouco na mesma linha Lara Marrero da Gensler. A nova geração que agora chega aos 20 anos, nasceu no novo milénio e tem novas atitudes perante a vida e foi a primeira a nascer “conectada”. É esta geração que nos próximos 10 anos vai constituir família, comprar casa, comprar carro.... ou talvez não! E os investidores imobiliários, face a esta amalgama, qual a atitude perante um mundo em mudança? Sabina Kalyan, Head of Global Strategy da CBRE Global Investors veio dar suporte a uma visão mais prudente. Mas, no fim do dia, a conclusão é simples. Se estamos num negócio, temos que continuar a caminhar, não podemos nos parar! É neste sentimento misto, de uma visão muito financeira e contabilista, perante uma visão mais holística e optimista do mundo que estavam os sentimentos... para já, continuamos todos no negócio com “business as usual”, antecipando oportunidades da tecnologia e seguindo o caminho! Bons negócios!