Um futuro imediato

Não tínhamos tempo para responder a tantos pedidos e requisições. Ouvi várias pessoas a dizer isto durante os últimos dois anos, tanto a nível profissional como pessoal. E isto acontecia em todos setores, em todos os mercados, em todos os países, em todo o mundo, incluindo no imobiliário comercial. A maioria dos espaços disponíveis tinha uma “fila de espera”, havia várias propostas de várias entidades que todos os dias tinham necessidades (muitas vezes imediatas) de crescimento. O mercado estava a mudar nos últimos anos, a ajustar-se a uma nova realidade pós-crise, a crescer - e muito. Vários projetos começaram a desenvolver-se em 2019 e em 2020 e estariam terminados em alguns meses. O mercado, que há uns anos estava visivelmente dominado pelos inquilinos (pela procura), tinha mudado e quem agora liderava eram os proprietários e havia pouca flexibilidade negocial por parte destes últimos. Os incentivos dados, o tipo de contratos feitos e sua duração e rendas acordadas eram bem diferentes. De repente, o mundo mudou e abrandou. Muito e muito depressa. Já passámos por várias crises, mas nunca por uma como esta. Que tão depressa chegou, se instalou e tudo mudou em dias. Surpreendeu-nos. Uniu-nos. Fez-nos pensar de forma diferente. Comprar de forma diferente. Estar em família de forma diferente. De repente os negócios ficaram em standby, on hold, à espera de tempos melhores, na esperança que tudo volte ao “normal” daqui a poucos meses. As empresas estão a dar prioridade ao bem estar dos seus colaboradores, estão a reajustar horários e formas de trabalhar. Muitos estão a fazer o seu trabalho a partir de casa, com as suas famílias, esperando voltar em breve às rotinas do trabalho, ao escritório, para perto dos nossos colegas de trabalho com quem vão falando e trocando ideias quase ao minuto. A segunda prioridade é a continuidade dos negócios e muitas entidades estão preparadas ou a preparar-se para manter os processos a fluir durante este período complicado, mudando a forma de comunicar internamente e com 8clientes, percebendo que a tomada de decisões sofrerá um abrandamento. A realidade agora é outra e o impacto imediato na economia, no mercado, é inegável. Vai haver uma pressão grande nos vários sectores, principalmente naqueles que estavam já numa fase muito avançada do seu ciclo, como era o caso do mercado imobiliário. Não há dúvidas de que terá de haver um reajustamento, mas apesar de tudo, eu sou optimista e parece-me possível que o segundo semestre de 2020 (ou talvez o último trimestre) seja já de recuperação. É inegável que teremos de fazer um esforço extra nessa altura para que terminemos o ano com um balanço positivo. Teremos de retomar todos os processos e fazer com que avancem, ajustando-nos a esta nova realidade e novo mercado, possivelmente, não tão vibrante. Espero sinceramente que este período nos faça crescer, amadurecer e aprender com erros e a tornar-nos mais criativos. Os edifícios, por exemplo, serão provavelmente readaptados para que estejam melhor preparados para uma outra crise deste género, melhorando sistemas de ventilação, de comunicação e tecnologia, entre outros. Para uma mais rápida adaptação na próxima fase – pós-crise -, os espaços de coworking / serviced offices, que estão agora a sofrer grandes perdas uma vez que estão expostos a contratos de curta-duração na maioria dos casos, irão provavelmente ser os mais procurados como soluções imediatas de ocupação daqui a uns meses, uma vez que estes são os que estão melhor preparados para responder a tais necessidades. Parece-me que esta área irá sobreviver ou, eventualmente até, renascer. Veremos.

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