A transição digital é a grande oportunidade do mercado imobiliário neste ciclo económico

Mas a verdade é que a pandemia também rompeu velhas conceções: a ideia de que temos de um lado o comércio físico, e do outro o comércio eletrónico. A ideia de que existe um comércio de rua e um comércio de centro comercial. E, finalmente, a ideia de que os espaços comerciais são monofuncionais. Há muito que o comércio físico começou a integrar o comércio digital. E agora temos o comércio digital a querer uma presença física. A pandemia acelerou a omnicanalidade em duas décadas. Há muito que as grandes marcas dos centros comerciais têm presença no comércio de rua. Há muito que as melhores marcas do comércio de rua querem crescer nos centros comerciais. Resta a monofuncionalidade dos espaços. Porque a integração digital e a omnicanalidade vai exigir cada vez mais flexibilidade dos espaços físicos. Já hoje temos pequenos sinais disso mesmo. Quantas insígnias conhecemos em que as suas lojas já funcionam como pontos de entrega? E que promovem vendas online dentro da loja? Ou que operam como verdadeiras plataformas logísticas? A ideia de que se possa chegar a uma montra olhar para determinado produto, fazer a compra online ou já ter feito a compra online e ir lá levantá-la é melhorar a experiência de compra. E tudo o que seja melhorar a experiência de compra aumenta o sucesso do negócio, não diminui. A existência de infraestruturas como os centros comerciais só ajudam o e-commerce ajuda infraestruturas como os centros comerciais. A integração digital acelerou uma inevitabilidade: os nossos espaços, as nossas lojas, vão ter, cada vez mais, uma utilização tripartida: plataforma logística, showroom para compras online e, eventualmente, ponto de venda físico. E isto muda tudo. Muda tudo na forma como pensamos, desenhamos e construímos os espaços. E muda tudo na forma como proprietários se relacionam com gestores e retalhistas.Há alterações de consumo mais permanentes que vieram com esta pandemia. E os centros comerciais já se estão a adaptar. Hoje, o mix de um centro comercial, em relação ao que era há 20 anos, é completamente diferente. O centro comercial virou uma pequena aldeia, no sentido mais agradável da expressão. Não estão em risco de extinção, pelo contrário, mais facilmente os centros comerciais sobrevivem do que qualquer outro formato de comércio. E se souberem integrar a omnicanalidade, mais ainda.Assim, a ominicanalidade não é apenas um termo de gestão. Tem consequências físicas, nos espaços físicos. Requer planeamento e requer investimento. E mais do que uma prioridade, a transição digital é a grande oportunidade do mercado imobiliário neste ciclo económico.

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