Setor de escritórios vive fase de grande transformação

O setor de escritórios vive neste momento uma fase de grande transformação. Com dados de mercado aparentemente contraditórios, estamos também a assistir a uma profunda renovação na forma como são desenhados, construídos e utilizados. Num pós-covid, em que o teletrabalho provou ser eficaz, foram muitos os arautos do fim do setor. Com algumas empresas a apostar numa continuidade do modelo anterior e outras a enviar os colaboradores para trabalharem em casa, a maioria apostou num modelo híbrido que podia implicar uma significativa redução de área ocupada. Para contrariar tudo isto assistimos a um ano recorde de ocupação de escritórios com uma escalada das rendas em todas as zonas. O que o explica? Um conjunto de situações que convergiram num espaço temporal relativamente reduzido. 1) A suspensão de muitas decisões durante a pandemia criou uma bolsa de necessidade urgente para as empresas mais dinâmicas, que logo que a crise sanitária passou provocou a contratação de espaço num volume significativo. 2) A já existente atratividade de Portugal para operações de nearshoring e serviços partilhados de algumas multinacionais reforçou-se com o conflito no leste europeu. 3) O novo modelo híbrido de ocupação tem por base um desenho de espaços interiores com muito mais áreas colaborativas e menos postos fixos de trabalho o que aumentou a necessidade de área média por colaborador 4) A importância crescente da sustentabilidade para os ocupantes de escritórios, o que provocou alguma necessidade de mudança para imóveis com melhor desempenho neste campo. Ao olharmos para 2023, acreditamos que todos os fatores referidos se vão manter com exceção do primeiro. Em contrapartida, instalou-se alguma preocupação e cautela relativamente ao desempenho da Economia, o que poderá levar ao adiamento de decisões e planos de expansão das empresas. Devido a tudo isto espera-se um ano com decréscimo de transações, especialmente no primeiro semestre, mas com transações em linha com as médias dos anos pré-covid, que são sustentadas pelos outros três fatores referidos.

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