A recuperação da cidade tornou-se amplamente visível, atraindo investimento, mudança e transformação profunda. O Porto ganhou forma enquanto cidade vibrante e fortemente atrativa, concretizando-se como destino cobiçado para viver, visitar e investir.
Com efeito, a reabilitação dos edifícios do centro histórico do Porto, considerado Património Mundial da Humanidade pela Unesco em 1996, devolveu à cidade os traços de identidade que sempre foram seus, desde a sua vocação comercial, à configuração própria de cidade costeira e atlântica, assente numa malha urbana com proporções e caraterísticas visíveis de equilíbrio, coerência e homogeneidade.
O principal eixo de tal revitalização, induzida pela requalificação urbana, assentou e consolidou-se no dinamismo do setor comercial. Afinal, o seu cunho de cidade burguesa. Tal ocorreu não só pelo renascimento do pequeno comércio, através de diversas lojas tradicionais e de negócios históricos, como também pelo surgimento de novos projetos, novas empresas e novas áreas de investimento comercial. Um número significativo de comércio especializado e alternativo também surgiu gradualmente nos últimos anos, sobretudo para produtos de autor, design, costura, livrarias e antiquários.
Importante não omitir, ainda, o fenómeno tantas vezes apelidado de “Movida Portuense”, concentrado em grande parte na zona entre o Hospital de Santo António, ruas Galeria de Paris e Cândido dos Reis, conhecida como zona das “Galerias”. O aparecimento de um número muito significativo de estabelecimentos de diversão noturna, como bares e cafés, em diversos locais da Baixa, contribuiu para um aumento extremamente expressivo no movimento pós-laboral desta zona. O tecido urbano desta zona, transcende o negócio lojista tradicional, puro e duro, para configurar um contínuo horário de atividades diversas, de comércio, de cultura, de artesanato e de lazer, num registo que muito contribui para a afirmação do caráter e da identidade únicas desta cidade.
Nesta ocupação do espaço público encontramos os fatores que indubitavelmente contribuem para uma pujante afirmação da atividade comercial na cidade, ponto de grande atração de turistas, mas também local de constante movimento pelos portuenses. Cosmopolitismo de uma cidade definitivamente aberta ao mundo, simultaneamente burgo e metrópole.
O comércio do Porto, os comerciantes do Porto, orgulhosos e resilientes, dão um contributo inestimável para a manutenção e para a criação de postos de trabalho. Por isso, é absolutamente imperioso que o Estado, na situação grave que o país atravessa, devido à pandemia, coloque à disposição dos comerciantes os mecanismos de apoio que vêm sendo proporcionados a outros agentes económicos. Mecanismos de apoio específicos e adequados aos problemas concretos de que padece o comércio de rua. Sem os quais, diga-se, a cidade decairá por si só, bastando para isso recordar os tempos de há uma década e meia atrás.
No Porto, mais do que em qualquer outro lugar, é com os comerciantes que verdadeiramente sentimos o pulsar do coração desta Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade.