Turismo

Proximidade, inovação e autenticidade: chaves para o imobiliário, com reflexos no turismo

Com um crescimento notável nos últimos anos, o turismo em Portugal continua a atrair milhões de visitantes. Segundo a estimativa rápida do INE, registaram-se 6,9 milhões de turistas estrangeiros no país até maio deste ano, um aumento de 7,6% face ao período homólogo. Destacaram-se os mercados espanhol, canadiano e norte-americano, que mostraram subidas de 22,5%, 18,2% e 16,2%, respetivamente. É, por isso, premente que o país aposte em digitalização e inovação para acompanhar este crescimento, sem descurar a autenticidade local.

O imobiliário assume-se como um eixo fundamental neste equilíbrio, uma vez que, a par dos habitantes, impacta também a experiência dos turistas. A gestão e o planeamento urbanos devem explorar os conceitos de proximidade e multifuncionalidade, a fim de promover espaços de uso misto (que congregam várias funções e permitem uma utilização diversificada). Os benefícios são duplos: não só melhoram a qualidade de vida dos habitantes, ao interligar várias necessidades e libertar tempo no dia-a-dia; como também permitem um turismo mais sustentável, por exemplo, incentivando os turistas a viver a cidade através de mobilidade suave.

Para pensar esta transformação, mantendo um equilíbrio entre os que a habitam e os que a visitam, é necessário envolver todos os stakeholders, do setor público ao privado, das comunidades aos mercados. Por exemplo, considerar as necessidades de turistas hiper-conectados (norte-americanos, canadianos, entre outros) que integram a tecnologia no quotidiano e esperam continuidade quando estão fora - da preparação da visita online, às pesquisas in-loco e avaliações pós-visita. Exemplar na digitalização, a Coreia do Sul lançou recentemente a Trip.Pass, uma aplicação para turistas que agrega verificação de identidade, passe de transportes, pagamentos via código QR, e restituição de imposto (tax refund). Já no setor privado, e focando no retalho, a aposta deve passar por espaços comerciais atrativos e acessíveis. Sendo o turismo uma força motriz da economia nacional, a diferença marca-se pela capacidade dos projetos criarem destino e oferecerem uma experiência única, seja através da arquitetura, da oferta ou até do entretenimento.

Conquistada a audiência desejada, a acessibilidade torna-se essencial, seja no transporte, na visita, na oferta, nos pagamentos, entre outros. Como se pode então materializar no retalho? Comunicação bilingue, iniciativas específicas para clientes estrangeiros, agentes virtuais com inteligência artificial, que permitam uma rápida navegação do espaço e disponibilizem informação útil (oferta, eventos) através de uma interface conversacional, são caminhos possíveis. O desafio é encontrar o equilíbrio.

A digitalização e a inovação são essenciais para dar resposta à procura, porém cabe aos diferentes intervenientes garantir que essa evolução respeita a autenticidade dos destinos. Há que preservar espírito da cidade e do bairro, assumindo a identidade como um diferenciador da oferta. Os turistas valorizam espaços frequentados pelos locais, desejam viver a experiência real do país, sentir sua herança cultural e aproveitar a oferta local. Enquanto destino autêntico, Portugal tem todo o potencial para conseguir elevar esta experiência.