Prioridade dada à habitação reanima setor da construção e do imobiliário

No terceiro trimestre, número de transações de imóveis revela um crescimento de 15,8% quando comparado com o período homólogo de 2015. O licenciamento de obras, que se encontrava em queda desde 2001, está a crescer 13,4%, face ao ano passado. Globalmente, deveremos atingir um volume total de 18,1 mil milhões de euros em transações imobiliárias, do qual 4 mil milhões dizem respeito a investimento estrangeiro. Estes são valores expressivos e permitem afirmar que estamos a atravessar um momento de consolidação que há muito era aguardado.Em grande medida, esta evolução resulta do renovado interesse dos investidores, motivado pelo atual nível das taxas de juro e pela falta de alternativas atrativas por parte da banca, complementado por uma procura muito relevante por parte de investidores estrangeiros, com o turismo a destacar-se enquanto fator impulsionador, uma vez que, é unânime, está a atravessar um excelente momento.As vantagens comparativas do nosso país permitem-lhe aspirar a uma posição entre os principais destinos de investimento, através da afirmação internacional do nosso imobiliário, já que possui caraterísticas intrínsecas como o clima, o património histórico-cultural, o ambiente social que nos valorizam externamente, mas isto não basta. Há desafios a que temos de ser capazes de corresponde e medidas, já identificadas e que precisam de ser concretizadas.Como aspetos prioritários podemos apontar questões como a estabilidade fiscal, um aspeto determinante, e que tem de ser assegurado. Outra matéria que requer a maior atenção é o investimento externo, com especial enfoque para o Programa de Vistos Gold e o Regime de Tributação de Residentes Não Habituais. Estas iniciativas foram importantes alavancas para o mercado, precisam de ser acompanhadas e a sua competitividade tem de ser garantida, pois sabemos que estamos a perder investidores para outros países europeus e não podemos ficar parados, a assistir a uma gradual degradação da nossa posição competitiva.Temos também que olhar para os mecanismos de acesso ao financiamento da Reabilitação e dar uma resposta adequada às insuficiências atuais. Um bom exemplo é o Programa Casa Eficiente, que conta com a CPCI enquanto entidade dinamizadora e agregadora e constitui um exemplo de soluções capazes de incorporar uma visão alargada e abrangente e, simultaneamente, recorrer aos fundos europeus do Plano Juncker, que têm de ser devidamente aproveitados por Portugal. Estamos certos que é com medidas destas que podermos fazer a diferença em 2017 e reunir condições para que domínios estratégicos como a Reabilitação Urbana possam atingir a dimensão e a abrangência territorial que é necessária.Portugal não cresce sem um setor da construção e imobiliário forte e é precisamente nesse sentido que as declarações do Primeiro-Ministro, anunciando que a política de cidades, a habitação e a recuperação da atividade das empresas do setor, são prioridades para o próximo ano, traduzindo um alinhamento estratégico do nosso país com o discurso da restante Europa.Estamos a falar de uma atividade que é responsável por 50,1% do investimento da economia, economia e, como todos sabemos, sem confiança e sem um compromisso firme por parte do poder político com o ambiente de investimento, não pode haver confiança, pelo que este reconhecimento da importância desta atividade se reveste de uma grande oportunidade e veio reestabelecer expetativas, permitindo encarar o futuro imediato com maior otimismo. O nosso futuro passa pela criação de emprego duradouro, por espaços urbanos dinâmicos e competitivos e por uma maior coesão territorial e, em 2017, o mercado imobiliário tem de continuar a dar um contributo que é decisivo.

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