Perspetivas para o mercado em 2022

Em 2020, falávamos de uma curva de recuperação “Nike shape” (com o desenho do logo da marca). E assim será. As empresas do setor subsistiram e estão agora preparadas para uma retoma progressiva. Como tal, 2022 será um ano positivo para o imobiliário.Há, no entanto, que contar com ameaças persistentes que, mais do que a pandemia, serão limitadoras do crescimento e, algumas delas, a carecerem de políticas públicas que teimam em não ser assumidas:1 – A falta de produto: Num mercado relativamente pequeno, sujeito a enorme pressão para colocação de liquidez, muitos dos produtos disponíveis apresentam-se fora de preço e inviáveis.2 – O aumento do custo da construção: deverá conjugar-se, aqui, o efeito inflacionador da crise pandémica, o aumento dos salários e a falta de mão de obra que, reunidos, determinarão a falência de muitos business plans;3 – A crise habitacional: prefigurando-se como uma oportunidade para o setor, tem timidamente levado os responsáveis públicos a pensar em habitação promovida pelo Estado, o que, sabemos de exemplos anteriores, não resolve este grave problema, disponibilizando um limitadíssimo parque habitacional, tendente a manter a dependência das famílias do Estado. E a construir guetos ingeríveis. Só a dinâmica do setor privado, ainda que conjugado com o setor público, nomeadamente ao nível da concessão de terrenos, tem condições para promover uma oferta transversal e igualitária, harmoniosa territorialmente e que sirva, efetivamente, as pessoas.4 – A demora e a opacidade dos processos de licenciamento em geral, tornando as instituições públicas como verdadeiros obstáculos ao desenvolvimento e à criação de riqueza para todos, promovendo, ainda, a perda de competitividade e de atratividade do mercado nacional.No computo geral, o setor imobiliário deverá registar, assim, em 2022 uma recuperação lenta mas sólida. Deverão persistir os esforços de entrada no território de liquidez disponível e as dificuldades para identificação de produto disponível para transformação.Desejável, para uma ainda maior sofisticação do setor, seria a sua ainda maior especialização, não alheia a uma fusão de estruturas, tonando-as veículos mais habilitados aos complexos desafios do futuro. Desejável, ainda, seria que estas valências se estendessem a todo o território nacional, promovendo uma indispensável coesão territorial e económica, que tarda em avançar. Por fim, indispensável, igualmente desejável, seria o desenho de políticas públicas reformadoras, orientadas para a garantia do direito fundamental à habitação, numa lógica realista e concretizadora de articulação de interesses públicos e privados.

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