Perspetivas para o mercado imobiliário em Portugal em 2021

Alguns setores que nos últimos anos tiveram grandes crescimentos vão em 2021 atravessar enormes dificuldades, e alguns segmentos um pouco esquecidos vão gerar grandes oportunidades .2020 foi um ano marcado por um acontecimento trágico , com um brutal poder de destruição da economia e de muitas vidas a nível mundial.Ainda assim, a construção e o imobiliário, de uma forma geral, conseguiram terminar 2020 com impactos negativos razoavelmente controlados, ao contrário de outros sectores dramaticamente castigados, como por exemplo, toda a indústria de “hospitality”, o comércio, a aviação, a restauração, apenas para citar alguns sectores em que assistimos a situações de verdadeira calamidade.Para 2021, deveremos analisar o imobiliário por diferentes classes de ativos, já que não acredito que o que se vai passar seja uniforme no setor.A nível do mercado de escritórios, espero uma importante alteração de necessidades por parte dos compradores ou inquilinos, já que as grandes alterações da forma de trabalho durante a pandemia vão continuar a ter efeitos duradouros nos próximos anos.A tendência será menos necessidade de espaço, e maiores exigências de condições de trabalho, tanto em termos ambientais como sanitários.2021 será assim, para este segmento, um ano de adaptação e compreensão das novas necessidades das empresas que , em poucos meses, deram um salto de anos nos seus modelos de negócio e hábitos de trabalho.Na área da hotelaria, 2021 vai ser um ano em que certamente assistiremos a um elevado número de transações, já que uma percentagem substancial de unidades hoteleiras e de alojamento local vão terminar 2020 num tal estado de emergência que , com grande probabilidade, teremos um ano de reajustamento e com elevado número de transações, fusões e muitos negócios de oportunidade.No comércio, em geral, acredito que assistiremos ao encerramento definitivo de vários negócios que já estavam em má situação e que fecharão portas, dando no entanto lugar a vários novos projetos de comércio de rua, claramente em ciclo de crescimento, que continuará a acentuar-se com a recuperação do turismo.Os centros comerciais estão já em processo de restruturação, continuando Portugal a ser um país em que a percentagem de centros comerciais é elevada face ao número total de lojas.Julgo que se acelerará a tendência de desaparecimento de centros comerciais de pequena dimensão, de alguma forma “entalados” entre os grandes shoppings e o comércio de rua.O sector logístico julgo que será objeto de fortes investimentos de modernização e construção de novas plataformas de distribuição, inevitavelmente em crescimento com o aumento expressivo do e-commerce.Por fim, em relação ao mercado residencial, julgo que teremos 3 segmentos com comportamentos diferentes.O mercado dos chamados Vistos Gold cairá muito, dada a nova lei que impede ( embora com um regime transitório até Julho) Vistos Gold em Lisboa, Porto e Algarve-ou seja, exatamente os até aqui destinos favoritos dos investidores.O segmento do luxo julgo que manterá com normalidade o nível de preços pré-covid, dado que acredito que Portugal continuará a atrair investidores, executivos e empresas que sustentam este mercado.Finalmente, a grande novidade será o lançamento de vários projetos residenciais dirigidos às classes médias /famílias, com preços de venda e condições de crédito que consigam dar resposta às imensas necessidades dos portugueses e estrangeiros residentes em Portugal e que não se enquadram no segmento do luxo.Em momentos de crise, o imobiliário é sempre um refúgio para os investidores, e mais ainda com taxas de juro historicamente baixas.Mas em 2021 há que ser particularmente competente a fim de reestruturar os negócios em risco e investir nas oportunidades.

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