O turismo algarvio saberá reagir ao Brexit

O Reino Unido tem sido, ao longo dos anos, o principal mercado emissor de turistas para o Algarve. Os números falam por si. O Reino Unido é responsável pelo movimento de cerca de 3,5 milhões de passageiros anualmente no aeroporto de Faro, ou seja, mais de 54% do movimento total de passageiros nesta infraestrutura aeroportuária. O mercado britânico representa também mais de 33% das dormidas totais do Algarve e mais de 60% dos jogadores de golfe – um dos eixos de excelência do turismo na região – são britânicos. Ao nível do turismo residencial, acresce que há 50 mil residentes temporários no Algarve oriundos do Reino Unido. Resumindo, em termos estratégicos, estamos perante um mercado prioritário para o turismo da região e, por essa via, para o turismo nacional. Numa altura de fortes constrangimentos económicos e financeiros para o País, convém ter presente que a indústria do turismo é o principal setor exportador de bens e serviços de Portugal. Uma alteração nos fluxos turísticos algarvios terá sempre efeitos diretos na economia da região e também na economia nacional. São legítimas as preocupações dos agentes económicos algarvios face à instabilidade política, e sobretudo financeira, criada na sequência do Brexit. A curto prazo, uma desvalorização acentuada e continuada da libra fará com que os britânicos percam poder de compra, o que afetará negativamente o setor do comércio e serviços algarvio. A médio prazo, é a própria perda de clientes britânicos que poderá estar em causa.Em qualquer circunstância, nada ficará como dantes. Para além das implicações políticas ao nível do projeto de construção de um espaço comum europeu, agora fortemente abalado, a saída do Reino Unido da União Europeia deixa, neste momento, mais dúvidas do que certezas.Perante este cenário, como pode o turismo algarvio reagir? Às dúvidas sobre como enfrentar uma eventual perda de turistas britânicos só pode haver uma resposta: mantermo-nos fiéis à promoção do Algarve neste importantíssimo mercado, sim, mas também apostando noutros mercados emissores, como o alemão, francês ou holandês, para compensar um menor fluxo de clientes britânicos no futuro. Da mesma forma, países como a Suíça, Áustria, Bélgica e Polónia que têm dado um contributo progressivo para o crescimento do turismo no Algarve deverão ser alvo de uma aposta reforçada.Este é um desafio – e será uma tarefa – para todos. O Algarve não pode de forma alguma esquecer o mercado britânico. Tem, no entanto, de ajustar a estratégia em função de outros mercados, de reforçar as medidas de natureza promocional em mercados emergentes ou com potencial, de fazer os reajustamentos necessários para minimizar os impactos do Brexit.Todos terão de estar à altura. Isto significa mobilizar todos os agentes, políticos e económicos, públicos e privados, centrais, regionais e locais, com vista a continuar a fazer do Algarve o destino predileto de milhões de pessoas a nível mundial.É preciso ter confiança no destino Algarve, neste território que garante hoje ofertas diversificadas e de qualidade e que fazem dele uma região de excelência turística. Produtos disponíveis não faltam: ao tradicional sol, mar e golfe, o Algarve tem tido o engenho e a arte para, de uma forma crescente, aprender a valorizar outros produtos complementares, como o turismo de negócios, de natureza, de saúde, náutico, a gastronomia e os vinhos. Esta terá de continuar a ser a receita vencedora.

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