O papel da consultoria em arquitetura e engenharia em 2016

Do mercado internoDo ponto de vista do mercado interno, é sabido que o investimento público e privado nos anos mais recentes foi tão baixo que dificilmente o seu nível poderá piorar. A questão que se põe é a da medida em que se concretizarão as expectativas de melhoria que se apresentam.Efetivamente, importa que o mercado surja de facto, que os investimentos projetados comecem a ser implementados e que haja confiança no ritmo a que as coisas poderão acontecer. Falamos sobretudo das expectativas em torno da implementação dos investimentos previstos no PETI3+, já consensualizados, com importante cofinanciamento comunitário, tidos como urgentes e prioritários, mas cujo ritmo de implementação não está a ser tão célere como se antecipava. Lançados os primeiros estudos e projetos no final do ano passado, a sua execução aguarda ainda por aprovações do Tribunal de Contas. Sabendo que os projetos antecedem o lançamento das empreitadas, a implementação no terreno desses projetos só acontecerá em 2017.Estes “pequenos” adiamentos são assim tão graves? SIM. No atual momento as empresas estão sem carteira de trabalho, descapitalizadas, sem capacidade de alimentar e conviver com incertezas, com necessidade de alimentar de trabalho as equipas que com grande custo têm sido capazes de manter. Por outro lado, como algumas das obras terão financiamento do Portugal 2020, terão de estar concluídas em 2020, o que implicará o setor ter de as executar sob pressão, retirando eventualmente tempo necessário à boa preparação das obras.Além disso, continua sem ser transposta a nova diretiva europeia sobre compras públicas, que devia ter sido transposta até à data limite de 18 de abril, importando que essa transposição devolva ao mercado a sanidade própria de ambientes concorrenciais qualificados, privilegiando a avaliação da qualidade e a escolha da melhor proposta, sobretudo quando se trata de serviços baseados no conhecimento, de natureza conceptual. Todos ansiamos que termine a prática que se generalizou em Portugal, de escolha da solução mais barata, sem cuidar se a mesma serve adequadamente o interesse público, em qualidade e em custo, ao longo da vida do empreendimento e que tanto tem contribuído para a degradação e desqualificação do nosso mercado.Do mercado externoDesde 2008 que muitas empresas fizeram uma aposta determinada no mercado internacional. Algumas já o fizeram desde há muitos mais anos.Exportam atualmente o que representa mais de 60% do seu volume de negócios, sendo que muitas delas exportam mais de 80% da sua atividade.De entre os países/mercados que se afiguram como os melhores clientes, o espaço de língua portuguesa, designadamente Angola e Moçambique, são o destino da maior parte das exportações.Neste contexto, a depreciação dos preços das matérias-primas relacionadas com o setor da energia vem determinando que a dinâmica de investimento nesses países se venha reduzindo e que, efeito este mais imediato, se adensem as dificuldades nos pagamentos.As empresas vêm ensaiando a abertura de novos mercados, noutras geografias, mas este é um processo lento e cremos que não existem ainda condições para a substituição e estabilização desejadas.Assim, e retomando o que dissemos no início, a incerteza é muito grande relativamente à atividade do setor em 2016.Tenhamos consciência de que não há tempo para esperar mais, as empresas já não têm tempo.Sabendo-se que há projetos de investimento público que estão consensualizados, que todos os dias são reafirmados, importa que avancem no terreno, que passem de facto à fase de execução.Se de 2008 para cá muitas empresas puderam mitigar o quase desaparecimento do mercado interno com o desenvolvimento do mercado externo, agora é preciso que a introdução de alguma dinâmica no mercado interno possa ajudar a mitigar o decréscimo que inevitavelmente se vem observando na atividade internacional.Aliás, a APPC de há muito vem referindo que não seria possível manter este setor quase totalmente dependente do mercado internacional. Sem uma base doméstica o setor não é sustentável e, a prazo, desaparecerão as exportações e a capacidade técnica instalada.O ano de 2016 vai ser muito importante para o setor.

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