Não há fome…

Desde logo constatamos que o investimento em imóveis de rendimento ultrapassou em larga escala o máximo anterior de mil e quatrocentos milhões de euros registados no longínquo ano de 2007 e representando um crescimento de 130% face a 2014. É bom também relembrar que esta categoria de investimento ficou-se pelos €305 milhões em 2013, para não falar de 2012, que foi o pior ano de sempre. Foi preciso “bater no fundo” e depois começar a dar sinais sustentados de recuperação da nossa economia para despertar a atenção dos grandes investidores internacionais, que viram em Portugal uma alternativa credível para investirem parte do seu capital.De há um ano a esta parte que se têm concretizado operações de grande dimensão, feitas por investidores que nunca antes tinham investido em Portugal. O contexto de taxas de juro baixas ou próximas de zero contribuiu para que os volumes de capitais aumentassem exponencialmente e que, consequentemente, as taxas de retorno exigidas para o imobiliário baixassem drasticamente. O imobiliário passou a figurar como uma das melhores, se não a melhor, alternativa às classes de ativos tradicionais do mercado de capitais, vistos como voláteis e difíceis de prever. Além dos investidores institucionais, um número significativo de investidores privados ou “family offices” viraram-se para o imobiliário como até aqui nunca se tinha visto.Também o investimento em imóveis de reabilitação, só em Lisboa (!), atingiu um valor estimado superior a quatrocentos milhões de euros, sendo que também no Porto se começa a sentir uma dinâmica forte de reabilitação, motivado pelo regresso em força do mercado residencial, muito por culpa dos estrangeiros que parece que só recentemente descobriram o bom que é viver em Portugal. De facto, a “cara” das nossas principais cidades está a mudar a um ritmo acelerado, dinamizando toda uma economia associada ao setor que estava bastante parada. Todos os incentivos dados à reabilitação foram e são importantes, mas a verdade é que o grande impulso foi dado pela forte procura de habitação em Portugal, motivada em parte por regimes fiscais atrativos para não residentes. Estas medidas são vistas pelos investidores como muitíssimo inteligentes e inovadoras quando comparadas com outros países, já que desta forma fomos capazes de pôr todo um setor em recuperação, dando emprego a muita gente (para não falar do caráter “exportador” deste investimento, ou seja de todos os euros que os estrangeiros passam a gastar no nosso país).Como diz o ditado, “não há fome que não dê em fartura”, mas agora é preciso preparar o futuro. Olhando à nossa frente e ceteris paribus penso que 2016 vai ser um ano bom para o setor, a avaliar pelos contactos que continuamos a receber diariamente de clientes, já a planear o ano que vem. Pede-se estabilidade política, paz social, um quadro fiscal estável e menos burocracia. Não há nada pior que aparecerem notícias nos media internacionais por más razões, já que este mercado se move por sentimento e percepções.

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