It's oh so quiet Shh shh It's oh so still Shh shh You're all alone Shh shh And so peaceful until Por momentos que, embora curtos, no contexto das nossas vidas parecem uma eternidade, ficámos sozinhos nas nossas casas, tivemos que nos impor um distanciamento social sem podermos cumprimentar com um abraço, um aperto de mão ou um beijo. E que estranho que isto nos parece. Ganhámos o calor e proximidade dos que amamos (há quanto tempo não almoçávamos e jantávamos tantas vezes juntos) e, por Amor, para sua proteção, afastámo-nos também de outros que amamos, que se sentem sozinhos. No calor do nosso lar, abrimos a torneira e temos água, fria, morna ou quente, de acordo com a nossa preferência; carregamos nos interruptores e temos luz; vamos ao supermercado, incomodados pela ligeireza dos demais que se aproximam de nós, e temos a comida e bens de primeira necessidade; a rede que nos liga mantém-nos vivos e ativos. No entanto, queixamo-nos das privações e falamos em catástrofe!!!! It’s Oh So Quiet. E tem de estar. Estamos recolhidos. Qualquer que seja o resultado final, para a menor ou maior das previsões, vamos ter uma grande quebra do Produto Nacional. Claro! Que estávamos à espera? Íamos na autoestrada a alta velocidade e tivemos de fazer uma travagem brusca que nos deixou virados para o sentido contrário. Praticamente parámos durante semanas. Esta paragem tem necessariamente reflexos. No entanto, o motor ainda não parou e lentamente estamos a fazer inversão de marcha para lhe devolver a orientação, após o que lhe iremos conferir velocidade. And so peaceful until E o que é que vai quebrar esta calma? Quem a criou: Nós. Quando? Quando regressarmos aos nossos trabalhos com a normalidade permitida, sem lamúrias, sem fados, mas com a certeza de que as nossas competências foram reforçadas. O tempo e forma como nos adaptámos ao contexto forçado sublinha a nossa brilhante capacidade de ultrapassamos as adversidades. Esta objetividade tem de ser projetada no momento de regresso à atividade, sem olhar para trás e focando-nos nas nossas missões para que através de uma atitude positiva possamos rapidamente aproximarmo-nos do ponto onde estávamos. Os investidores rapidamente adotaram um de dois comportamentos: esperar para ver (It's oh so still), ou sublinhar a sua disponibilidade para investir, requerendo rendibilidades superiores, dado o temporário quadro de incerteza (onde estamos). Este ajustamento de expectativas da parte dos investidores (compradores) ainda não encontrou correspondência do lado oferta (vendedores). O mindset destes últimos ainda está nos primeiros dois meses e meio de 2020. E ainda não há necessidade que o force a mudar, na certeza de que as primeiras transações pós Covid-19, não irão estar nos níveis de preços dos primeiros meses do ano, nem nos níveis de intenções dos investidores. Estes serão determinados por um braço de ferro entre a imperatividade de investir (e há tanta liquidez disponível) e a necessidade de vender (vamos ter vendas forçadas). Quanto menor for esta última maior será a tendência de os níveis de preços se situarem na vizinhança dos verificados no início do ano. E este sentimento não se esgota no mercado do investimento imobiliário. Também se aplica aos demais: escritórios, retalho, logístico, hoteleiro e alternativos. Os mesmos ventos que nos trouxeram o maldito vírus já nos trazem as primeiras indicações de recuperação nos mercados asiáticos, que nos evidenciam, até agora, que, ao contrário de 2008, não iremos ficar durante anos num marasmo. Neste momento é importante recordarmos o que aconteceu no desafio mais recente que vivemos, no qual se perspetivava o fim do mundo que conhecemos, tal como se perspetiva agora. Portugal ia sair do Euro. Não saiu. As coisas não iam voltar ao que eram. Estão melhores. Os investidores não andam por cá porque, a exemplo do que nos acontece, estão fechados nas suas casas. Assim que lhes for permitido estarão de regresso e com a força que lhes for permitida ter. A proximidade dos acontecimentos retira-nos clareza de leitura. Espero que dentro de pouco tempo já nos possamos abraçar, dar um aperto de mão ou um beijo, na certeza de que os acontecimentos vividos, aos olhos de quem nos olha de fora, sejam um reforço de todos os bons atributos que já nos eram conhecidos através do acréscimo de segurança pela forma como estamos viver e a conseguir ultrapassar este momento.