Comparando com os tempos de pré-pandemia, as principais diferenças no setor imobiliário são, provavelmente, a consciência da incerteza e a urgência da sustentabilidade. A consequência é uma aceleração das tendências pré-existentes, mas não só.Por exemplo, incerteza e volatilidade a todos os níveis: a nível geopolítico, obviamente, com consequências que não podemos estimar hoje; a nível financeiro: inflação, taxas de juro, etc.; e a nível económico: teremos crescimento ou não? A curto prazo, longo prazo? Mas vemos também mais volatilidade a nível individual. A experiência de trabalhar em casa, as novas gerações que têm outras prioridades e são menos comprometidas com a sua empresa. Tudo isto reduz a previsibilidade para as empresas, especialmente, quando estão a pensar nos espaços dos seus escritórios.Mas como é que devemos enfrentar este desafio como investidores imobiliários? Antes de mais, com a localização. O primeiro obstáculo para os Colaboradores chegarem ao escritório é o tempo de deslocação. Como consequência, os transportes públicos continuarão a ser um foco, mas devem também proporcionar uma experiência urbana diversificada. Vemos, em toda a Europa, enormes desenvolvimentos com esta ambição. O Parque das Nações, em Lisboa, é um bom exemplo do que é possível alcançar e estamos muito felizes por ter a nossa nova sede neste local. A ocupação flexível será, ainda mais, um requisito fundamental para o arrendatário: começa com uma estrutura de arrendamento adequada e vai até aos espaços de trabalho partilhados, geridos profissionalmente. A atratividade dos espaços de escritório será, também, um foco. As pessoas só estarão dispostas a vir para o escritório se isso foi uma mais-valia, como por exemplo, o facto de as pessoas estarem juntas. É necessário ter em conta, por exemplo, a dimensão dos andares, a tipologia do equipamento, a criação de espaços colaborativos. Propor uma experiência de escritório valiosa para os seus Colaboradores tornar-se-á uma parte fundamental do desenvolvimento da cultura da Empresa. As chamadas Novas Formas de Trabalhar tornar-se-ão a nova norma com a política de flex desk, ambiente sem papel, instalações híbridas para reuniões ou nomadismo digital, mas cada empresa terá de se adaptar à sua própria realidade.A preocupação com a sustentabilidade passou da consciência para um sentido de urgência. Não se trata apenas da pegada de carbono (40% de emissão de GEE devido aos bens imóveis), mas também de uma utilização mais responsável da matéria-prima e consequência social da transição energética. A maioria dos intervenientes está plenamente consciente disto, mas o próximo passo é seguir, compreender e tentar cumprir uma certificação móvel, um quadro normativo e legal. Consequentemente, o desafio será traduzir isto em ações visíveis e eficazes. O consumo de energia é um tema chave, mas também a mudança para uma economia mais circular. Isto poderia, por exemplo, mudar as escolhas de renovação/reestruturação, um tópico chave em Portugal onde os escritórios existentes estão desatualizados.Para o Grupo Ageas Portugal, 2022 é o ano da mudança para as nossas novas instalações, Ageas Tejo e Icon Douro: um grande momento para todos os colaboradores, mas também um novo marco na construção de uma carteira imobiliária resiliente e sustentável, pronta para os desafios de amanhã.