Ao longo dos últimos anos, o setor imobiliário português tem assistido a uma transformação significativa no que toca às fontes de financiamento, uma vez que financiamento bancário – apesar de ainda ser a principal fonte para o setor imobiliário – enfrenta desafios consideráveis. Assim, tradicionalmente dominado pelos bancos, o mercado começa agora a abrir portas a métodos alternativos, e em específico a plataformas de crowdfunding, que aparecem como uma fonte de financiamento alternativa e/ou complementar com aceitação crescente.
A principal capacidade revolucionária do crowdfunding é democratizar o financiamento de projetos, o que significa que qualquer pessoa pode contribuir com pequenas quantias para um projeto em que acredita, sem que este dependa exclusivamente de grandes investidores ou de empréstimos bancários.
Vários são os exemplos que demonstram a importância crescente do financiamento alternativo em Portugal. É o caso dos empreendedores e start-ups com potencial, mas que, por estarem numa fase inicial, não têm o apoio dos bancos; ou projetos situados fora dos grandes centros urbanos de Lisboa, Porto e Algarve, que têm inevitavelmente muita dificuldade em obter o financiamento tradicional; ou ainda o caso dos criativos que necessitam de conseguir capital para desenvolverem ideias de novos produtos que ainda não existem no mercado. Para todos estes exemplos (e não só), os novos métodos de financiamento inovadores podem impulsionar o desenvolvimento através de uma abordagem inclusiva e adaptável.
Assim, e embora o financiamento alternativo ainda desempenhe um papel secundário no mercado imobiliário em Portugal, vemos cada vez mais sinais promissores de crescimento. A recente chegada de plataformas de crowdfunding estrangeiras ao mercado português, impulsionada pelo novo regulamento europeu de crowdfunding, deverá acelerar ainda mais este crescimento. O novo regulamento europeu fomenta um ambiente mais propício para a atuação deste tipo de plataformas, simplificando a entrada de capital estrangeiro e ampliando as opções de financiamento disponíveis para os empreendedores locais.
Espera-se, por isso, que o número de projetos financiados através de plataformas de crowdfunding cresça de forma exponencial nos próximos anos, o que não só vai diversificar as opções de financiamento disponíveis, como também vai fomentar a inovação e a viabilização de projetos que, de outra forma, poderiam não ter acesso ao capital necessário.
No entanto, ainda se regista também um desconhecimento geral sobre o financiamento alternativo no setor imobiliário em Portugal – pelo que será necessário um esforço contínuo para educar os empreendedores sobre as vantagens e oportunidades oferecidas por estas plataformas de crowdfunding. Algumas das vantagens claras são, por exemplo, a oportunidade de testar a validação/aceitação do mercado para um produto ou ideia, o menor risco financeiro, e também a independência financeira que proporcionam, garantindo aos empreendedores mantenham um maior controlo sobre o processo de financiamento e evitando que tenham de comprometer uma parte significativa de sua participação acionista.
Em suma, o financiamento alternativo está a abrir novas possibilidades para o setor imobiliário em Portugal. Embora ainda esteja em fase inicial de desenvolvimento e de crescimento, o seu potencial é imenso e cabe aos investidores e empreendedores tirarem o máximo partido desta nova oportunidade. O momento de começar é agora!