O impacto social do imobiliário propriedade de seniores: uma nova responsabilidade para investidores

Vivemos mais tempo e isso é um feito notável da nossa civilização. Mas é, ao mesmo tempo, um desafio urgente para os sistemas sociais, económicos e habitacionais. O envelhecimento da população, antes um fenómeno demográfico, passou hoje a ser também uma questão estrutural, conduzindo a uma pergunta inescapável: como garantir que os últimos 20 ou 30 anos de vida de uma pessoa sejam vividos com dignidade, conforto e autonomia?No centro desta questão está o Lar — o espaço físico e emocional onde nos sentimos seguros.E é aqui que o setor imobiliário ganha agora uma nova dimensão: não apenas como infraestrutura, mas como instrumento de justiça social e de valorização da experiência de vida.Quando o imobiliário deixa de ser apenas betãoO setor imobiliário tem sido historicamente associado à valorização de ativos e à rentabilidade financeira. No entanto, necessitamos agora, mais do que nunca, que este mercado seja chamado a responder também a outro tipo de valores: aos valores humanos e sociais.Do ponto de vista demográfico, Portugal é já o quarto país mais envelhecido do Mundo e o mais envelhecido da União Europeia, a par da Itália. Atualmente, quase 24% da população tem mais de 65 anos, e a expectativa é que este número ultrapasse os 30% até 2050. Simultaneamente, o sistema de pensões encontra-se sob pressão: segundo projeções da Comissão Europeia, a taxa de substituição das pensões poderá cair para 38,5% até 2050, face aos atuais 69,4%.Olhando para estes números, a verdade é simples: o atual modelo de envelhecimento não é sustentável. As pensões diminuem, a idade da reforma aumenta, e muitos dos nossos seniores enfrentam um futuro de insegurança, isolamento e dependência. E, no entanto, vivem em casas valiosas, muitas vezes pagas ao longo de décadas. A solução está à vista: criar mecanismos que libertem o valor do património habitacional em benefício direto das próprias famílias seniores.Assim, num país onde mais de mais de 70% da população com mais de 65 anos é proprietária da sua habitação, a existência de modelos que valorizam esse património em favor do próprio é uma solução win-win: promove o bem-estar, reduz pressão sobre os sistemas sociais, e cria oportunidades de investimento com retorno previsível e responsabilidade acrescida.Deste ponto de vista, o setor imobiliário passará a ter um papel que vai muito além da construção: pode e deve ser um agente de redistribuição de valor, permitindo que as pessoas utilizem o património acumulado ao longo da vida para garantir, em benefício próprio, o seu conforto e estabilidade.O apelo aos investidores: impacto com retornoÉ, assim, tempo de os investidores olharem para o imobiliário dos seniores com um novo foco: não apenas como oportunidade financeira, mas também como compromisso social com o futuro.Investir com impacto social em imobiliário propriedade dos seniores é, por isso, mais do que uma tendência: é uma necessidade estratégica para quem procura retorno com propósito. E esse propósito é cada vez mais valorizado por sociedades que exigem soluções éticas, sustentáveis e com resultados mensuráveis.Este é, pois, o momento certo para os investidores que querem fazer parte da solução. Porque o verdadeiro valor de uma sociedade não se mede apenas pelo que constrói, mas por como cuida de quem a construiu.

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