Quando se fala do setor imobiliário, é muito fácil restringir o tema e focar apenas em números como o preço por metro quadrado, o valor médio de transação, as taxas de juro, entre outros. No entanto, a verdade é que o setor imobiliário vai muito além disso. É uma das forças estruturantes das economias locais, um agente transformador, que influencia diretamente uma comunidade, gerando emprego, promovendo a circulação de investimento e contribuindo para a reabilitação urbana e social.
Cada imóvel vendido gera uma onda de impacto que vai muito além da transação, desencadeia uma cadeia de valor que pode incluir construtores, arquitetos, engenheiros, decoradores, fornecedores de materiais, entre outros profissionais. O impacto é particularmente visível em contextos urbanos em transformação, onde a requalificação de imóveis antigos ou o surgimento de novos empreendimentos tende a atrair comércio, serviços e residentes, revitalizando zonas menos populosas.
O impacto económico local de uma transação imobiliária raramente é contabilizado na sua totalidade. Um bairro requalificado valoriza o comércio local e uma nova urbanização pode trazer escolas, serviços, acessos. Por isso, um projeto bem conduzido pode valorizar até as zonas mais esquecidas, criando emprego e fixando talento jovem.
O setor imobiliário assume ainda um grande papel no que toca à fixação de população. Projetos residenciais bem planeados, com integração de espaços verdes, acessibilidades e infraestruturas adequadas criam condições para que mais pessoas escolham viver, trabalhar e investir em determinadas regiões. Isto tem reflexos diretos na sustentabilidade do comércio local, na dinamização cultural e até na valorização de ativos públicos, como escolas ou transportes.
Por isso, o setor imobiliário tem também responsabilidade na gestão equilibrada do território e não pode assumir apenas o papel de agente de crescimento, terá também de ser promotor do equilíbrio. A atratividade de determinadas zonas não deveria traduzir-se num afastamento das comunidades locais ou numa pressão insustentável sobre o mercado habitacional. Deve haver um equilíbrio entre o investimento, a rentabilidade e a coesão social. Este equilíbrio é essencial para que o desenvolvimento seja realmente inclusivo e duradouro. A pressão imobiliária deve ser gerida com sensibilidade, de forma a não descaracterizar comunidades ou tornar inacessível aquilo que devia ser o bem mais básico de todos: o direito a uma habitação digna.
Num momento em que muitas regiões procuram novas formas de atrair talento, promover turismo de qualidade e fortalecer os seus ecossistemas económicos, o setor imobiliário deve surgir como um aliado. Deve promover soluções equilibradas e que entendam as necessidades locais e fazendo-se sempre acompanhar de um bom planeamento. O desenvolvimento deve ser sustentável, e a atratividade de
uma região não pode ser medida apenas pelo luxo das suas casas, mas pela qualidade de vida que proporciona a todos, sejam eles residentes, investidores ou visitantes.
O setor imobiliário não é apenas reflexo do dinamismo económico — é também uma ponte entre o crescimento económico e o bem-estar social. O seu papel é, por isso, essencial na construção de economias locais mais fortes, sustentáveis e coesas, fazendo-o sempre com consciência, empatia e visão de futuro.