IMOBILIÁRIO: UM ATIVO GLOBAL, UM INVESTIMENTO LOCAL

A presença de investidores estrangeiros, inclusive não-europeus, é notória, não só em Portugal, como em todos os países europeus onde se verifica um acentuado crescimento nas transações e preços no imobiliário. Lisboa, Londres, Madrid, Paris, Barcelona, Berlim, e tantas outras cidades europeias, são hoje um destino de investimento imobiliário, tanto para nacionais, como para estrangeiros. Destes, algum destaque deve ser dado a investidores oriundos dos Estados Unidos da América, historicamente habituados a investir domesticamente, mas que nos últimos tempos se têm mostrado muito activos no mercado imobiliário europeu.Não obstante, e segundo dados recentemente divulgados pelo BNP Paribas, o investimento no chamado comercial real estate na Europa, por parte de investidores não-europeus, ao longo de 2016, caiu -19% face a 2015. A monitorizar ao longo de 2017, verificando se foi algo casual ou se marcou o início de uma nova tendência. Apesar desta globalização do investimento imobiliário, não devemos nunca esquecer a importância das especificidades locais. O movimento de globalização no imobiliário aparenta ser generalizado, mas há que entender que cada local, cada cidade apresenta traços distintos e que motivam de formas diferentes os investidores.Devemos, por isso, estar sempre atentos a duas importantes componentes que hoje marcam, em definitivo, o investimento em imóveis: (1) Uma componente mais macro, mais exógena, e sobre a qual temos pouco poder de controlo. Questões como o estado da economia europeia, o nível das yields das nossas obrigações do tesouro, a segurança na Europa, entre outras;(2) Uma outra componente mais micro, que essa sim controlamos, relacionada com aquilo que nos distingue: segurança, clima, gastronomia, turismo, população acolhedora, para além de questões de cariz mais fiscal, sempre motivadoras na tomada de decisão do investimento. É importante, a bem do presente e sempre planeando o futuro, nunca deixar que a globalização seja prejudicial à nossa forma de estar e de viver e que não coloque em risco a saúde da nossa economia. Deve, antes, potenciá-la. Digo isto, alertando para os claros riscos do forte crescimento no investimento em imóveis destinados a short-term rental no centro histórico das cidades, provocando forte aumento das rendas e dos preços na habitação, afastando a população local. Tendência, aliás, já notada em várias cidades europeias com intervenções distintas da parte do poder local.Devemos, pois, aproveitar o momento macro que nos é claramente favorável, ao mesmo tempo que potenciamos os nossos traços mais distintos e que tão bem têm sido acolhidos pelos investidores. Devemos manter esta tendência e confirmar o bom momento que o nosso mercado imobiliário vive. Alertas, contudo, porque nem tudo está no nosso controlo.Bons negócios (imobiliários)!

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