Este movimento não só redefine a forma como o setor opera, mas também apresenta um novo paradigma de investimento que integra a sustentabilidade em todas as etapas do ciclo imobiliário.
Apesar da incerteza económica, o nosso setor não pode abrandar na transição verde. Os desafios relacionados com a sustentabilidade ambiental estão cada vez mais interligados com as novas regulamentações e com o risco de obsolescência dos ativos. Considerando a evolução das expetativas dos consumidores, as propriedades que não atendam aos padrões de sustentabilidade correm o risco de se tornarem obsoletas, perdendo valor de mercado.
Em Portugal, observa-se uma crescente consciencialização sobre a importância da sustentabilidade no setor imobiliário. Grandes empresas e investidores estão cada vez mais a incluir critérios ESG nas suas decisões de investimento. Os projetos de construção e reabilitação sustentáveis estão a tornar-se mais comuns, e as certificações como o LEED e o BREEAM têm vindo a ganhar grande destaque. A industrialização e a eficiência desempenham também um papel crucial neste novo paradigma. A adoção de métodos de construção industrializada e o uso de tecnologias como o Building Information Modeling (BIM) permitem não apenas uma construção mais rápida e económica, mas também uma redução significativa do desperdício de materiais e uma melhoria na eficiência energética dos edifícios. Em paralelo, o conceito de "propetch" - propriedades com tecnologia - está a ganhar peso, com investimentos voltados para edifícios inteligentes e sustentáveis, equipados com sistemas de energia renovável, eficiência energética e soluções de gestão inteligente de resíduos.
No contexto europeu, a tendência em direção a um imobiliário mais sustentável também é evidente. A União Europeia tem implementado diversas iniciativas, como o Pacto Ecológico Europeu e o Plano de Ação para a Economia Circular, que têm implicações diretas no setor imobiliário. Além disso, o financiamento verde e a divulgação de informações sobre sustentabilidade estão a tornar-se cada vez mais importantes para investidores e instituições financeiras em toda a Europa. O urbanismo também está a ser reformulado no sentido de promover uma maior integração social e uma melhor qualidade de vida. Os projetos imobiliários são concebidos levando em consideração aspetos como acessibilidade, espaços verdes, mobilidade sustentável e diversidade social, criando-se assim comunidades sustentáveis, resilientes e socialmente inclusivas, alinhadas com os ODS.
Na minha perspetiva, o imobiliário com impacto representa assim mais do que uma mudança nos métodos de construção e investimento, é sim uma mudança fundamental na forma como vemos e valorizamos os espaços que habitamos, promovendo um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.