Estes projetos não se limitam à arquitetura ou aos equipamentos/serviços: representam uma abordagem curatorial ao placemaking — onde os espaços exteriores desempenham um papel central na definição da identidade, habitabilidade e desempenho. São estes espaços — sejam espaços de enquadramento, pátios, ruas ou jardins — que ligam os espaços de habitar e que os unificam, enriquecendo a experiência.
Os espaços exteriores híbridos, coabitam em conceitos espaciais e funcionais — uma vez que são, simultaneamente, privados e públicos, de proteção ecológica, recreativos, estruturados e flexíveis. Tanto nos modelos residenciais BTR como nas Branded Residences, estes espaços têm o propósito de responder a estes modelos de ocupação não convencional, destinada aos nómadas digitais, jovens e séniores à procura de soluções de co-living, arrendatários com estilos de vida flexíveis e outros residentes de curta duração.
Neste contexto, os espaços exteriores híbridos, cumprem três funções fundamentais:
Catalisadores sociais que promovem a interação informal e a vivência em comunidade entre os diferentes grupos;
Zonas verdes de proteção que melhoram a qualidade de vida, promovem a biodiversidade e aumentam a resiliência do local;
Flexibilidade de utilização, ao acomodar modelos de ocupação de curta e longa duração, adaptando-se à rotatividade dos residentes, aos ciclos de uso e à evolução do contexto urbano.
Em detrimento dos espaços verdes convencionais, a abordagem ao projeto procura valorizar espaços legíveis e reconfiguráveis, aptos a acomodar uma grande diversidade de atividades — desde o coworking e ao lazer passivo, de estadia e contemplação, até às práticas de bem-estar ou pequenos eventos programados.
Na Broadway Malyan, damos prioridade a esta abordagem, trabalhando de forma holística a arquitetura, a arquitetura paisagista e o design de interiores, na criação de espaços únicos. Aplicamos estes pressupostos em diferentes projetos residenciais, e em diferentes regiões. Embora inseridos em contextos bastante distintos — desde um resort de luxo junto à praia, a áreas de regeneração urbana densa — é visível nos vários projetos o papel essencial que o espaço exterior híbrido, desempenha em modelos habitacionais emergentes.
Em empreendimentos de maior escala, como resorts, o nosso papel, enquanto arquitetos paisagistas, é o de criar espaços exteriores de qualidade integrados na paisagem, respeitando as condicionantes naturais e criando produtos de elevado valor. O resultado é um ambiente único, tranquilo e imersivo, que responde simultaneamente às exigências do luxo e ao respeito pela envolvente natural.
Por contraste, surgem outros projetos desenvolvidos em centros urbanos, que integram hotelaria, apartamentos Build-to-Rent e comércio, organizados em torno de espaços públicos ou privados comuns. Neste contexto de maior densidade urbana, o espaço exterior, e a relação interior/exterior, desempenham um papel diferente, mas igualmente relevante, funcionando como um espaço de “desafogo”, que incentiva a interação social e promove experiências.
O desenho urbano e a arquitetura paisagista, focam-se na criação de espaços acessíveis, coerentes e funcionalmente adaptáveis, que potenciam a sua apropriação por diferentes tipos de residentes —temporários a permanentes — e que mantêm a vitalidade do tecido urbano envolvente.
Apesar dos contextos opostos, os projetos partilham uma visão integrada: conceber edificado e espaços exteriores coerentes, flexíveis e com identidade. O sucesso destes espaços exteriores híbridos depende da sua capacidade de se adaptarem a estes modelos habitacionais não convencionais e de responderem às suas formas de apropriação do espaço urbano.