Porém, nos últimos anos, em parte devido à crise financeira e às mudanças sentidas no setor, o cenário mudou ligeiramente, levando muitas famílias portuguesas a optar pelo arrendamento. Por um lado, temos as pessoas que se viram obrigadas a viver em casas arrendadas porque não podiam fazer frente ao custo de compra de um imóvel (hoje em dia a maior parte dos bancos financiam até 80% do valor do imóvel, o que supõe uma entrada inicial de 20%, mais gastos e impostos). Por outro, existem os que escolheram voluntariamente o arrendamento, mesmo que possam comprar um imóvel e conscientes dos riscos e sacrifícios envolvidos num crédito à habitação. Ainda assim, os portugueses que tinham algumas poupanças guardadas durante os últimos anos estão a investir no negócio do “tijolo”, obtendo alguma rentabilidade através do arrendamento, o que não estavam a conseguir com os bancos. O perfil do investidor nervoso que comprava imóveis para vendê-los em pouco tempo e com grandes rendimentos desapareceu do mercado. O novo investidor é menos precipitado, calmo e aceita a rentabilidade do arrendamento dos imóveis, sem intenção de vendê-los (pelo menos para já). Com o forte crescimento do turismo, muitos destes pequenos e médios investidores portugueses acabam por destinar os imóveis ao Alojamento Local, de forma a conseguir obter uma maior rentabilidade. Todas estas mudanças que se produziram de uma forma brusca no setor provocaram um forte aumento da procura que não foi correspondida com oferta similar. Com estes ingredientes é inevitável que os preços das rendas subam em força nos principais mercados, não esquecendo que os contratos antigos realizados a preços de crise começam a ser atualizados, uma vez que a procura voltou. De qualquer das formas, é importante referir que esta nova realidade do mercado imobiliário nacional não é uniforme e a recuperação está a acontecer, como no mínimo, a duas velocidades. Por um lado, temos as grandes capitais, as zonas “prime” e as zonas turísticas, onde o dinamismo de mercado se encontra com força, vivendo o arrendamento os seus melhores dias e com boas perspetivas para 2018. Por outro lado, existem regiões que não contam com tantos atrativos laborais e turísticos, onde o mercado de arrendamento é ainda muito débil e o processo de recuperação será mais lento. Ainda assim, o clima que se vive no setor é muito positivo e tudo indica que em 2018 o arrendamento realmente veio para ficar.