E nos edifícios de escritórios, as pessoas já são quem mais ordena!

Se até há poucos anos, um ocupante investia em tecnologia aplicada ao espaço com foco no alcance de objetivos operacionais, como a eficiência energética ou a eficiente gestão da segurança, os inquéritos que anualmente têm sido realizados junto dos ocupantes e inquilinos da CBRE - evidenciam que as motivações para investimento em tecnologia nos espaços estão cada vez mais focadas na promoção de experiências aos utilizadores e até mesmo aos seus visitantes. Hoje o foco são os seus interesses e gostos, a par da criação um ambiente que promova a melhoria da sua produtividade e do seu bem estar. As áreas onde se observam mais e maiores intenções de investimento quando comparado com anos anteriores são as das app destinadas a localizar destinos, sistemas de controlo do ambiente, wearable tecnology, rede de sensores conectados e realidade virtual entre outras. O bem estar dos utilizadores dos espaços de escritórios das empresas está a assumir-se como pilar principal para as empresas, e o inquérito CBRE EMEA Occupier Survey, realizado em 2018, confirma precisamente esta senda pois «4/5 dos ocupantes inquiridos tem ou planeia ter programas de bem estar e uma proporção ainda maior tem preferência por edifícios que disponibilizem ou tenham a capacidade de disponibilizar atividades de bem estar». Esta tendência que se observa terá implicações evidentes na gestão dos ativos imobiliários, envolvendo uma significativa mudança no sentido de ter níveis mais elevados de serviço prestados nos edifícios e maior identificação com as necessidades e expetativas do consumidor final, que é o utilizador do espaço, suportado por análises preditivas e real-time. Este shift representará - ou já deverá estar a representar - uma diferente abordagem na configuração dos edifícios e também na gestão dos ativos imobiliários, permitindo que estes aumentem significativamente o nível de personalização do seu espaço de trabalho ao utilizador, de acordo com as suas preferências. E esta dinâmica está a ser determinante para as empresas na retenção dos seus talentos e no que diz respeito ao incremento da produtividade. Outra das ideias fortes que saem do inquérito que a CBRE realiza anualmente – o CBRE Global Tenant Survey 2018 - é que estes consideram a disponibilização de um espaço de trabalho alinhado com as expetativas dos seus colaboradores como critico para manter os seus colaboradores motivados. E o que é facto é que investidores cujos edifícios ajudem a reter os talentos, observaram uma inferior rotatividade na ocupação dos seus espaços. Se a esta ideia, acrescentarmos um dado recolhido num estudo realizado pelo Linkedin que conclui que 70% dos profissionais inquiridos manifestaram a intenção de não trabalhar numa empresa que tivesse um deficiente espaço de trabalho, torna-se claro que estamos a assistir a um paradigma da gestão de ativos em que o foco está a mudar da empresa para o colaborador. Para a gestão dos ativos este é um desafio determinante para a criação de valor, estando claro que envolverá o desenho de serviços que promovam a melhor ligação dos utilizadores ao espaço de trabalho. Para os investidores, conjuntamente com a gestão de ativos, será um desafio avaliar como acomodar este paradigma em ativos existentes, focando-se na incorporação de tecnologia, na geração de experiências e na criação de espaço potenciador de bem estar que se alinhe com as expetativas dos utilizadores efetivos dos espaços. O mais incrível é que isto está a acontecer. Não são expetativas e projeções. Os investidores, empresas ou ocupantes, que entenderem melhor esta dinâmica e mais rapidamente a traduzirem em planos para os seus espaços e ativos, terão uma vantagem competitiva determinante que se materializará em resultados do negócio e rentabilidade dos ativos.

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES