Crescer a Oeste: Zoom aos EUA

A assinalar que a OMT -Organização Mundial de Turismo, tinha previsto, no longínquo ano de 2010, com base no seu registo histórico, que alcançaríamos este número apenas em 2020… curioso é que, apesar da gravíssima crise económico-financeira que o Mundo atravessou, 2020 se tenha “adiantado”, chegando dois anos antes. Há várias explicações que justificam este extraordinário salto do volume de turistas a nível mundial, entre elas uma retoma pós-crise e um crescimento económico mais forte do que o inicialmente previsto; viagens aéreas mais acessíveis, sobretudo pelo crescimento das companhias low-cost que vieram alterar o paradigma do mercado das companhias aéreas e fazer com que as companhias tradicionais tivessem que readaptar a sua estratégia; novos modelos de negócio e novos players e investidores nos mercados de alojamento, de animação e de experiências; e vistos de entradas nos países mais facilitados. E, sobretudo, o boom que a brutal aceleração das mudanças tecnológicas acarretou nos fluxos de capital, pessoas e bens. Também em Portugal os turistas, e as receitas turísticas, estão em franco crescimento. Não apenas nos mercados emissores tradicionais mas turistas de outras proveniências estão a afirmar-se crescentemente no nosso país, como é o caso dos mercados chinês, brasileiro e americano. Vale a pena fazer um zoom ao mercado americano. Em 2018 a Europa foi o 2º destino de viagens de turistas americanos (o 1º foi o México). A procura pelo nosso continente continua a crescer e Portugal não é exceção, sendo Newark, Boston, Nova Iorque e Miami as principais cidades geradoras de turistas para Portugal. Em 2018, o mercado americano foi responsável por 962 mil hóspedes (+ 22%), 2,2 milhões de dormidas (+ 22%) e 968 milhões de euros de receitas turísticas (+ 19%). Também no primeiro semestre de 2019 os resultados demonstram a evolução muito expressiva deste mercado: cresceu 19% em hóspedes, 21% em dormidas e 26% em receitas turísticas. O mercado americano é atualmente o 2º principal mercado para os Açores e o 6º para o Norte, Lisboa e Alentejo. Em dormidas, Lisboa é o principal destino nacional (54%), seguido do Norte (15%) e Algarve (11%). Mais uma vez há várias explicações para este fenómeno, começando pelo facto de nos últimos anos o número de turistas americanos a viajar para fora da América do Norte ter aumentado e de Portugal ser hoje um país reconhecido internacionalmente pela segurança, bem-estar, modernidade, diferenciação e singularidade de povo e território. Mas o mais decisivo é o que a promoção do Turismo e a aposta contínua, persistente, sofisticada, amarrada à melhor tecnologia e articulada com as novas rotas aéreas (e novas companhias) tem conseguido alcançar nestes últimos 4 anos. É que em 4 anos foram centenas os prémios e menções internacionais, entre eles o de Melhor Destino Turístico Europeu e Mundial pelos World Travel Awards; centenas de entradas e comentários em jornais e revistas americanos como o The New York Times, a Reuters, Bloomberg News, a National Geographic, a Condé Nast, a Forbes, a Times ou o USA Today; a TAP abriu novas rotas para Estados Unidos e pretende quadruplicar o número de destinos nos próximos meses e a Delta Airlines triplicou, em 2018, a operação para Portugal e abriu duas novas rotas. O Turismo de Portugal e os operadores, entre eles a hotelaria, têm sido incansáveis na afirmação de Portugal como destino para o mercado dos EUA. Todavia, é um mercado com um potencial de crescimento muito grande, posto que em peso de turistas estrangeiros ocupa o 6º lugar no ranking, com uma quota de 4%, e também é o 6º país que gera mais receitas. E porque é que isto é importante para a hotelaria? Pois isso dava para um outro artigo… fecho apenas a dar nota de que o turista americano é “fã” de hotéis. Na Europa é um consumidor sofisticado de cultura, gastronomia e arte. Um turista que paga bem por muito bom serviço. É, por muitas razões, um consumidor muito exigente, mas também muito interessante para os empresários da hotelaria.

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