Quem já pediu financiamento deverá ver a prestação aumentar, sobretudo no caso da taxa Euribor a 12 meses, que poderá entrar em terreno positivo este ano. Por outro lado, quem está a pensar “endividar-se” terá condições menos favoráveis que em 2018. O cenário de descida da prestação deve-se, em grande parte, à política de estímulos do Banco Central Europeu (BCE), que colocou e manteve a taxa de juro diretora na Zona Euro em mínimos históricos (está em 0% desde março de 2016). A consequência foi a descida das taxas Euribor, principal indexante dos contratos de crédito à habitação em Portugal, que se encontram em terreno negativo, apesar de já terem começado a subir. Quem já pediu dinheiro emprestado ao banco para comprar casa deverá ver a prestação aumentar, nomeadamente no prazo a seis meses, o mais usado em Portugal. A subida das Euribor afetará quem optou pela taxa variável, mas o maior aumento deverá ocorrer na Euribor a 12 meses, já que os prazos mais curtos, por norma, sobem sempre mais lentamente que os longos. No caso da Euribor a seis meses, o impacto será reduzido, de poucos euros. Porém, é muito difícil prever a evolução exata das taxas Euribor, apesar de se antever a possibilidade de que a Euribor a 12 meses entre em terreno positivo no primeiro semestre de 2019. Esta deverá manter-se, no entanto, abaixo de 1% nos próximos dois anos. Antecipa-se que a subida da prestação não será radical, pelo que poderá ser suportada sem grande problema pelas famílias. Se colocarmos o cenário de um empréstimo de 100.000€ num prazo de 20 anos com Euribor a 12 meses, e a uma subida da Euribor de 0.5%, este aumento reflete-se em apenas cerca de 25 euros mensais aproximadamente. O que esperar dos novos créditos à habitação? Já quem está a pensar comprar casa em 2019 com a "ajuda" do banco terá condições provavelmente piores que as verificadas no ano passado, fundamentalmente por dois motivos. Em primeiro lugar, o Banco de Portugal (BdP) está mais exigente com os bancos no que diz respeito ao acompanhamento da aplicação de critérios prudentes de análise de risco, procurando assegurar a solvabilidade dos requerentes e, por exemplo, reduzindo o prazo máximo dos financiamentos, de 40 para 30 anos. Em segundo lugar, a subida das Euribor, que começou em 2018, continuará este ano, o que implicará uma taxa de juros mais alta. O facto dos bancos estarem também a apostar nos novos créditos à habitação, a Euribor a 12 meses fará com que, num cenário de aumento das taxas de juro, a prestação a pagar ao banco também possa subir mais rapidamente que no caso do prazo a seis meses. Isso irá notar-se sobretudo nos empréstimos com taxa fixa e prazos longos (30 anos). A combinação destas duas variáveis (aliada ao aumento do preço das casas) fará com que a prestação suba. Em Portugal, é provável que a concorrência comercial e a melhoria económica geral do país permita aos bancos melhorarem as suas ofertas de forma a que, mesmo que suba o índice (Euribor), o spread baixe fazendo com que os novos empréstimos não fiquem mais caros. Basta olhar para o exemplo da nossa vizinha Espanha, onde a concorrência levou a spreads abaixo do 1%.