Carregamento de veículos elétricos: o desafio das infraestruturas

No caso de Portugal, apenas 0,9% dos veículos em circulação são elétricos, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) mas o crescimento entre janeiro e novembro de 2023 foi de 104% em comparação com o período homólogo, de acordo com a Associação Automóvel de Portugal (ACAP). Já no primeiro semestre de 2024, 16% dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram veículos 100% elétricos e 12% híbridos plug-in (ACAP). Dadas as vantagens e a sustentabilidade desta opção, é seguro que a tendência de crescimento continue, pelo que é urgente que as cidades estejam preparadas para o crescimento da rede de veículos elétricos em circulação.Para nos adaptarmos a esta nova realidade devemos preparar infraestruturas como os edifícios residenciais e parques de estacionamento, tanto privados como públicos, para esta transformação inevitável.A rede de carregamento privada é central no sucesso da transição para a mobilidade elétrica. A Diretiva (UE) 2024/1275 do Parlamento Europeu e do Conselho destaca a importância do carregamento em edifícios, “uma vez que é aí que os veículos elétricos são estacionados regularmente e durante longos períodos de tempo”. Aproveitar estes momentos é fulcral, dado que “o carregamento lento é económico e a instalação de pontos de carregamento em espaços privados pode fornecer armazenamento de energia ao edifício em causa, bem como a integração de serviços de carregamento inteligente e bidirecional e serviços de integração de sistemas em geral”. Deste modo, poupamos tempo em filas de carregamento público e em deslocações desnecessárias.Para falarmos de carregamento coletivos ou privados, temos de refletir com urgência nas infra estruturas dos edifícios em Portugal, já que as construções antigas e arquitetura pouco adaptável não estão preparadas para as instalações e escalamento necessárias para o carregamento de veículos elétricos, nas grandes cidades. De acordo os mais recentes Recenseamentos da População e da Habitação (INE), quase metade (49,8%) dos edifícios clássicos existentes em 2021 tinham sido construídos após 1980, com 31,9% a serem edificados entre 1981 e 2000.A partir deste ano, com a última alteração ao Regulamento Geral das Edificações Urbanas e uma nova disposição no Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica, os novos edifícios residenciais com lugares de estacionamento devem disponibilizar uma estrutura de carregamento elétrico. Se falarmos de edifícios com data de construção mais antiga, os parques de estacionamento coletivos enfrentam desafios em termos de adaptação.Segundo o INE, 42,4% dos alojamentos familiares não contam com lugar de estacionamento, ficando automaticamente impossibilitados de recorrer a soluções de carregamento coletivo no condomínio. Isto enfatiza a necessidade das cidades terem um boa distribuição e acessibilidade de pontos de carregamento. Segundo a Mobi.E, em 2023 registou-se um crescimento de 69% do número de utilizadores dos carregadores da rede, face a 2022, e torna-se evidente que é necessário dar resposta à procura crescente.Para tornar a adaptação possível, torna-se necessário um investimento significativo por parte do Estado e dos Operadores de Pontos de Carregamento. A regulamentação deve ser ainda mais clara e favorável à instalação de infraestruturas de carregamento, sem esquecer o aumento dos incentivos financeiros para suportar os custos iniciais. A colaboração entre o setor público e privado é crucial para que se crie uma rede de carregamento abrangente.Empresas especializadas em soluções de carregamento para viaturas elétricas, como a ChargeGuru, podem (e devem) ser catalisadores desta mudança, fornecendo serviços que suportem os custos iniciais para o investimento na infraestrutura elétrica, ao mesmo tempo, que gerem todos os aspetos operacionais, passando pelo escalonamento - caso seja necessário - até à manutenção de cada carregador, ultrapassando burocracias e problemas logísticos.Sabemos que é urgente preparar o futuro. O investimento em serviços de qualidade tem de ser uma prioridade para todos os players deste setor, mantendo uma visão ampla dos benefícios económicos e de sustentabilidade urbana. Este investimento irá cativar o mercado, angariar novos clientes e reestruturar o modo como olhamos para a mobilidade energética.

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