Carbono Zero: Uma questão de tecnologia ou de comportamento?

Para um Chairman de uma qualquer empresa cotada em bolsa, ser consciente em termos ambientais não só representa um diferencial em termos de marca e de comunicação como um potencial aumento de margem imediato e uma redução de risco em termos de futuras flutuações no custo da energia. Onde consumimos energia nos edifícios? O principal consumo de energia vem da regulação de temperatura, seja no ambiente de escritório ou em espaços de retalho, seja hoteis, hospitais ou espaços desportivos, onde adicionalmente há a necessidade de aquecer águas, o que é mais um esforço energético. A iluminação e os equipamentos de conforto e mobilidade dentro dos imóveis consomem mais energia pelo aumento dos horários de funcionamento e pelo receio de equipamentos mais modernos e com consumos nominais inferiores terem ciclos de vida mais curtos e ciclos de manutenção mais dispendiosos e complexos. Outro factor interessante é a idade do imóvel. Quando analisamos cidades onde a idade média dos edifícios é mais elevada deparamo-nos com uma situação bastante injusta, a de incluir na mesma análise um edifício construído há 5 anos com uma certificação energética em vista desde o seu desenho com um hotel de charme implantado num palacete com 300 anos. Independentemente da área da reabilitação ter evoluído bastante na última década, em parte fruto da necessidade e do secar dos financiamentos, tanto em novos procedimentos como em novos materiais, o que é facto é que se o mix entre edifícios novos e aqueles que não o são condiciona e performance do conjunto. O caminho a percorrer Normalmente o enfoque é nos equipamentos e na (infra)estrutura do edifício, esquecendo que tudo aquilo vai ser utilizado e operado por seres humanos que vão insistir em testar ou boicotar as medidas idealizadas na fase de projeto. Daí ser essencial que a fase de idealização do imóvel e das suas soluções de sustentabilidade sejam pensadas e discutidas com quem será responsável pela sua operação e funcionamento, podendo desde já criar três clusters de orientação: Medidas técnicas, com enfoque no Controlo de temperatura (de aquecimento de águas a ar condicionado); Isolamentos térmicos dos espaços; auditorias detalhadas a Infraestruturas relevantes: cantinas, lavandarias, ginásios, garagens (ventilação) entre outras; Comunicação e Formação das Equipas, explicando as medidas de eficiência energética em curso e as potenciais por forma a envolver os colaboradores no seu sucesso bem como antecipar conflito entre estas e objetivos ou niveis de serviço da unidade. Garantir o uso correto dos equipamentos por forma a que a eficiência energética não se cinja ao desenho/plano mas que anconteça também na fase de operação bem como envolver as equipas no atingimento de prémios ou na conquista de certificações relacionadas com boas práticas de eficiência energética; Comunicação e Envolvimento com os Utilizadores, procurando influenciar positivamente o comportamento dos utentes dos espaços, desde a maior utilização das escadas ao uso racional do ar condicionado, passando por manter portas fechadas e luzes apagadas em salas vazias; Sondar os utilizadores sobre funcionalidades úteis e inúteis bem como a sua sensibilidade sobre níveis de serviço, o que permite concentrar recursos sobre aquilo que lhes é relevante e poupar no que é supérfulo ou irrelevante Todas estas iniciativas necessitam, como em qualquer indústria ou setor, de ser implementadas em todos os níveis hierárquicos e com a participação de todos os stakeholders, sendo aqui os utilizadores finais a peça essencial. Para além da eficiência de qualquer equipamento ou imóvel, a consciência de cada um de nós é o que fará a diferença e será com isso que, literalmente, teremos de viver.

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