No caso do imobiliário, considero que há um grande potencial para o mercado nacional. Os britânicos são das nacionalidades que mais casas compram em Portugal e não será o Brexit a alterar essa tendência podendo, inclusivamente, até aumentar o interesse pelo mercado nacional. A contribuir para esta tendência temos, por um lado, a aposta no imobiliário nacional como um investimento seguro e que poderá funcionar como uma forma de diversificação do risco, tendo em conta o receio de desvalorização da libra. Ainda assim, mesmo com a desvalorização da libra e, consequentemente, a diminuição do poder de compra dos britânicos, o nosso mercado imobiliário apresenta valores muito abaixo dos praticados no Reino Unido, pelo que continuamos a ser uma boa aposta. A somar estes fatores temos as tradicionais razões pelas quais os britânicos optam por Portugal e que não se alteram (clima, segurança, boas infraestruturas). Muitos dos ingleses que vivem em Portugal, geralmente a sul do país, estão cá porque familiares ou amigos lhes falaram bem de Portugal. Acresce que, estando fora da União Europeia, os cidadãos britânicos podem beneficiar do regime dos Golden Visa. No campo dos negócios, a aliança Luso-Inglesa é o acordo diplomático mais antigo do mundo e, agora, pode voltar a ganhar relevância. Portugal pode vir a ser, novamente, porta de entrada na Europa para as empresas inglesas e isso é benéfico para a economia nacional, naturalmente, e, acredito muito positivo para o setor imobiliário.Mas o Brexit traz-nos outras oportunidades, não apenas do Reino Unido, mas de outros mercados. Estou a referir-me, por exemplo, a possíveis investimentos de cidadãos de outras nacionalidades. A título de exemplo, há um elevado número de chineses que investe no Reino Unido e que, muito possivelmente, irá optar pela mudança dos seus investimentos para países da zona Euro. Mas há também as empresas que tinham os seus negócios em Londres e que, para manterem a sua atividade num país da União Europeia, vão ter de se deslocar. Não nos podemos esquecer que, além da nossa localização geográfica – que facilita as relações com os Estados Unidos da América e as Américas Central e do Sul – Lisboa está na moda. Acresce que, como todos sabemos, o custo de vida em Portugal está bastante abaixo do registado em Inglaterra. Portanto, temos de pensar, também, nesta hipótese quando analisamos as potencialidades do Brexit. Precisamos de nos concentrar em tornar-nos ainda mais atrativos para os cidadãos britânicos que olham para Portugal como futuro país de residência, mas também para os chineses ou qualquer outra nacionalidade que desenvolve a sua atividade económica na Europa, esteja sediado em Londres, e precisa, agora, de se mudar.Estou certo de que as várias entidades competentes estão muito atentas a esta realidade e a estudar as melhores formas de captar investimento para Portugal, quer seja de cidadãos particulares, quer seja de empresas. Muito provavelmente, o trabalho de divulgação dos Golden Visa está já a intensificar-se, podendo mesmo estar a ser desenvolvidos programas que incentivem à fixação das empresas estrangeiras em Portugal, apoiando a economia local.