Boas perspetivas e os (eternos) desafios para 2023

Numa altura de balanços e perspetivas, olhamos para 2023 com muito otimismo. É verdade que vivemos num mundo cada vez mais incerto e inconstante e não podemos abstrair-nos do contexto económico mundial e nacional, mas ainda assim mantemos as nossas expetativas de este ser mais um bom ano para o mercado imobiliário.Acreditamos que o imobiliário continuará a ser o melhor ativo para investir e o segmento premium, no qual a Athena Advisers atua, continuará a ser a melhor via para gerar riqueza a longo prazo. As pessoas precisam de casas e os imóveis de elevado padrão mantêm bons níveis de procura. Já no setor comercial, os segmentos de retalho, logística e hotelaria são oportunidades fantásticas e temos aconselhado fundos e investidores privados a expandir os seus portefólios.A qualidade de vida que Portugal oferece vai continuar a ser o principal impulsionador do mercado imobiliário nacional, atraindo cada vez mais famílias e cidadãos que elegem o país e a sua capital, Lisboa, para fixar residência. Esta foi, aliás, uma tendência que já verificámos em 2022 e cremos que irá continuar a liderar as motivações de compra ao longo deste ano. Ou seja, há um visível aumento dos clientes de lifestyle - compradores internacionais que adquirem casa com o intuito de viver em Portugal - em detrimento dos investidores puros.No entanto, há poucas habitações do segmento high-end disponíveis no mercado e bem localizadas, nomeadamente perto de escolas internacionais, que se tornaram, nos dias de hoje, um dos principais fatores de decisão no momento de comprar uma casa na região de Lisboa. Isto significa que a procura por propriedades para comprar ou arrendar neste segmento irá continuar sob pressão. Se à falta de produto, juntarmos o lento processo administrativo na reabilitação de imóveis e na atribuição de licenças para novos empreendimentos, sem que se anteveja no horizonte qualquer mudança a este nível, acreditamos que os bons ativos continuarão a valorizar-se, e as rendas continuarão a subir.Esta morosidade administrativa é, precisamente, o lado mais negativo do mercado imobiliário português, materializado numa geração arcaica que se recusa a fazer evoluir os procedimentos administrativos, em contraste com uma geração mais jovem que é bastante progressista, ambiciosa, moderna e empreendedora. Enquanto responsável por uma empresa que tem por missão atrair investimento estrangeiro, simplificando o processo de compra, mas também ajudar promotores e investidores internacionais a montar os seus negócios, apoiando-os nos processos de aquisição e licenciamento de propriedades, este peso da burocracia é um sentimento diário.É uma situação que precisa de ser desbloqueada e acredito que o aumento do imposto sucessório em Portugal, não sendo propriamente a chave para uma questão complexa, poderia ser parte da solução. A atual baixa tributação leva a que os herdeiros demorem demasiado tempo (ou discordem eternamente) para fixar um preço, decidir uma venda ou mesmo uma remodelação, sendo que a subida deste imposto ajudaria o mercado a tornar-se mais fluido. Além disso, essas verbas adicionais poderiam ser canalizadas para financiar infraestruturas e projetos sociais.

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES