A continuação de um ciclo virtuoso no setor imobiliário?

Como é sabido, o setor imobiliário é feito de ciclos positivos e negativos e para que este ciclo virtuoso em que nos encontramos se prolongue é urgente consolidar (sublinhe-se consolidar) o caminho de crescimento que atravessamos. Trabalho simples e claro, entendemos, visto que o caminho mais difícil, de colocação do mercado imobiliário nacional em rota de crescimento e na mira dos investidores já se encontra feito, com resultados à vista de todos. Conseguimos colocar o nosso País como um dos destinos preferenciais a nível mundial para se investir. Não podemos deitar tudo a perder.Fazendo o balanço do 2016, o ano que agora termina ficou marcado pelo despoletar do segmento residencial, que foi sem dúvida “a estrela da companhia”, tanto feita por estrangeiros, quer até pelos próprios nacionais, que, imbuídos e contagiados por este ciclo virtuoso e pela maior abertura dos bancos à concessão de crédito, puderam voltaram ao mercado.Talvez o segmento que tenha merecido uma queda mais notória seja o segmento comercial, que, sem prejuízo de ter registado números bastante acima da média anual de outros anos, ficou aquém das expectativas. Julgamos que tal se tenha devido apenas (visto que não há outras razões que retirem interesse a este segmento, que continua muito dinâmico e muitíssimo atrativo) ao que já vimos referindo há algum tempo a esta parte de que a oferta que temos conseguido colocar no mercado de escritórios está ainda longe da quantidade (e também da qualidade) que a procura hoje exige. Este é um tema a que na APPII, em 2017, iremos dedicar especial atenção.No que diz respeito às perspetivas para 2017, estas são ainda boas, mas para que elas se concretizem é necessário (i) estabilizar, definitivamente e de uma vez por todas, o quadro legislativo e fiscal com que os nossos stakeholders têm que trabalhar e (ii) consolidar o mercado imobiliário português como um destino atrativo para se investir.Se não queremos que os últimos três anos tenham sido um “milagre” ou a mera circunstância de, no mesmo país e no mesmo período, se terem verificado uma série de factores (geopolíticos, económicos, sociais, culturais e legais) que fizeram de Portugal e do nosso sector em especial (a par do turismo) um caso de sucesso a nível mundial, é premente consolidar-nos enquanto tal. Ou seja, se queremos competir com capitais europeias, como Madrid, Barcelona, Paris, ou Londres, é necessário fazer das nossas cidades o que aquelas são, i.e. destinos consolidados de investimento e de turismo.Será ainda importante corrigir a mensagem que acabámos por passar aos investidores durante o ano passado, de que não são bem-vindos. Mas, não basta voltar a ir “lá fora” captar mais investimento, é preciso dotar o nosso quadro legislativo e fiscal de coerência com políticas de captação de investimento estrangeiro. Não podemos continuar a convidar investidores a confiar em nós, para depois voltarmos a castigar quem aqui investe. Tal foi o que aconteceu com a criação do AIMI – Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis, que incide principalmente sobre os investidores com património imobiliário habitacional acima dos 600 mil euros, i.e. os investidores dos programa Golden Visa e Residente Não Habitual.No final e falando agora da APPII, neste novo ano continuaremos o nosso trabalho de dinamização e crescimento, com a captação de mais empresas a nível nacional e especialmente internacional e procuraremos também continuar a ser uma das vozes mais ativas e interventivas de defesa do setor imobiliário nacional. Em nome da APPII, desejamos um excelente e virtuoso Ano de 2017.

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