2020 e o imobiliário Português: o ano do Covid-19

Não há forma de antecipar um futuro risonho para 2020 e, entre os cenários mais otimistas, inclui-se uma forte crise económica. Recentemente, a Colliers estudou as consequências no turismo de algumas das mais recentes pandemias sobre alguns dos países mais afetados e verificou que a dimensão das consequências está fortemente correlacionada com a duração da pandemia. Em pandemias de curta duração, como foi o caso do SARS, no Canadá, em 2003, a crise no próprio ano é muito forte, mas com efeitos de curta duração. Após o ano da pandemia, a retoma é sentida no ano subsequente, muitas vezes, com taxas de crescimento que superam o ritmo de decréscimo do ano anterior. Contudo, em pandemias de mais longa duração, como o Zika, no Brasil, entre 2015 e 2017, as consequências são mais prolongadas, no tempo, sem um comportamento em “V” tão acentuado. Neste contexto, será expectável que o turismo sofra de forma profunda, marcando o primeiro ano de decréscimo dos últimos 10 anos. Num plano otimista, inserido em incomensurável incerteza, se o Covid-19 seguir um percurso similar ao da China, será expectável que, em 3 meses, esta crise esteja superada, permitindo a retoma do turismo na segunda metade do ano, se os níveis de confiança forem restaurados sem percalços. Do ponto de vista nacional, um fator positivo desta crise reside no caráter global da mesma, impedindo alguns países de ganhar vantagem sobre outros. Todos os outros segmentos tenderão a sofrer alguma paralisia pós-Covid-19, inerente, por um lado à crise económica derivada dos custos incorridos na contenção da pandemia, por outro lado, à redução de resultados positivos nas empresas, que exigirão medidas de correção, como contenção de custos ou adiamento de investimentos. Entre os setores que maior impacto negativo, encontram-se o setor da logística e do retalho. A logística começava a dar os primeiros sinais de retoma, após a crise financeira, salientando-se alguns grandes investimentos do lado da oferta. A recessão Europeia que se avizinha, ameaçará a expansão de alguns dos principais ocupadores internacionais, que se verão limitados na sua capacidade de investimento. Por outro lado, o setor do retalho tenderá a sofrer com a diminuição do consumo privado, inerente ao aumento de impostos ou à diminuição da atividade económica. As boas notícias começarão a surgir em 2021. Desde logo, no setor do turismo, onde alguma retoma será mais fácil de atingir. Mas, como a normalização da atividade económica e sem o caráter excecional que Portugal teve, em 2011, a recuperação tenderá a ser mais célere, não se vislumbrando, hoje, obstáculos à retoma do cenário que caraterizava o imobiliário Português pré-Covid-19.

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