LiquidezA recente decisão do Banco Central Europeu de estender o programa de Quantitative Easing por um período de mais 6 meses, até março de 2017, criam a base para que 2016 seja mais um ano de forte procura dos investidores institucionais no setor de imobiliário comercial na Europa.Uma vez que os mercados core do centro da Europa estão com yields historicamente baixos, para os mercados periféricos da zona Euro há uma janela de oportunidade inegável para atrair investidores, para diminuir o endividamento bancário e reciclar capital.Acreditamos que Portugal vai continuar a beneficiar deste bom momento, pelo que estão criadas as bases para mais um ano de forte volume de transaçõesAdicionalmente, acreditamos haverá espaço para maior movimento é na melhoria do termos de financiamento, já que comparado com outros países europeus, o financiamento bancário em Portugal é em média mais caro.OportunidadeEsta é uma oportunidade histórica para os gestores de ativos e as empresas portuguesas para redefinir a sua estratégia imobiliária.Começamos o ano de 2016 com um largo número de imóveis e portfólios de imóveis em comercialização, nos setores de retalho, escritórios, logística e hotelaria, para além de muitos projetos de reabilitação urbana e promoção imobiliária.Num mercado tão líquido, o desafio é o de abordar o mercado de uma forma credível, estruturada e transparente, por forma a sustentar valores e atingir os melhores resultados.Não aproveitar esta oportunidade histórica é um erro estratégico.ValoresA melhoria dos mercados ocupacionais de retalho, escritórios e logística é ainda muito ténue, e os valores de renda continuam abaixo do mercado.Em termos de evolução de preços, não há muito mais espaço para a compressão dos yields, uma vez que em vários setores estamos em mínimos históricos.De notar que em 2015 grande parte dos ativos transacionados foi transacionada a valores inferiores ao seu valor contabilístico.Para quem vendeu significou a resolução de um problema, a libertação de capital que pode ser investido e gerar valor acrescentado, ou a amortização de dívida que pesava no balanço das empresas.Os setores são muito heterogéneos, há áreas em que os preços crescem, outras onde estão em estagnação ou mesmo queda. Há que ser realista e compreender as especificidades de cada ativo, o método comparativo é de muito difícil aplicação.EnquadramentoEstruturalmente, a preocupação que existe por parte dos investidores institucionais é a estabilidade politica, fiscal e financeira do país.Portugal tem a seu favor o goodwill de um país que fez os sacrifícios necessários para reequilibrar as suas contas públicas, mas tem a seu desfavor o muito que ainda há para fazer no reequilíbrio do nosso endividamento público e privado.É vital manter esta credibilidade e confiança dos mercados. Só assim vamos potenciar o crescimento económico, a descida do desemprego, a subida do poder de compra dos Portugueses.Este crescimento é o verdadeiro sustentáculo para a valorização do mercado imobiliário para além dos ciclos monetários, isto é, quando daqui a dois ou três anos o programa de Quantitative Easing cessar temos de ter uma economia suficientemente capitalizada e produtiva para resistir a esses ciclos.