Esta é a projeção de James Chapman, International Partner and Capital Markets EMEA na Cushman & Wakefield, que explica no âmbito do webinar “What's Next: Logistics in Europe” que há hoje «muito capital alocado ao setor» e, por isso, «vamos assistir à compressão de yields, sobretudo em ativos core».
Note-se que este é um futuro inverso ao desenhado pelos especialistas presentes no webinar “Impact on real estate during the post-Covid-19”, organizado pela consultora no início de junho, que anteciparam uma expansão das yields no médio-longo prazo nos setores mais afetados pela crise, como é o caso da hotelaria e do retalho.
A verdade é que o segmento logístico foi um dos que se manteve mais resiliente aos efeitos da pandemia, o que, segundo Tim Crighton, Partner, Retail & Logistics EMEA, Cushman & Wakefield, pode ser explicado pelo «aumento do e-commerce nas grandes cidades europeias, que tiveram de aumentar e acelerar as suas cadeias de fornecimento».
Este aumento na procura gerou uma dinâmica no mercado de ocupação, mas também no de transações, que num primeiro momento registou a conclusão de «pequenos negócios, mas que agora vai começar a assistir a operações de maior dimensão, como aliás já tem ocorrido na Alemanha», salienta James Chapman no encontro realizado na manhã desta quinta-feira.
As evidências registadas no mercado ibérico pela Iberian Property confirmam a sua versão, já que no segundo trimestre deste ano o ticket médio de transações logísticas foi 60% inferior ao registado nos últimos 12 meses, fixando-se nos 16,3 milhões de euros. Mas, segundo estima James Chapman, dentro de meses «haverá uma recuperação nos preços dos negócios» a nível europeu, e Portugal e Espanha não são exceção.
O que reserva o futuro para a logística?
Estes indicadores de mercado reservam à logística «um período interessante daqui para a frente», repleto de oportunidades em diversas localizações, salienta Rob Hall, International Partner, Logistics & Industrial EMEA na Cushman & Wakefield.
Se por um lado espera-se «um boom nas áreas ocupadas devido à evolução do e-commerce», por outro sabe-se que haverá maior investimento em tecnologia, nomeadamente em blockchain, e uma maior preocupação com os fatores que compõe a sigla ESG - Environmental, Social and Governance.
Para Rob Hall, os critérios ESG estão «outra vez na linha da frente», dadas as preocupações crescentes com o desafio de carbono zero para 2030, que passa por reduzir em 40% as emissões de gases com efeito de estufa em relação aos níveis de 1990, de acordo com o Parlamento Europeu. Já para Tim Crighton, há outros motivos que estão por detrás do aumento da sua importância, nomeadamente o nível de confiança na higiene dos ambientes de trabalho, que se tornou especialmente relevante em tempos de pandemia.
Na opinião do Partner, Retail & Logistics EMEA da Cushman & Wakefield, a pandemia veio evidenciar a importância da logística enquanto suporte às cadeias de fornecimento e ainda a necessidade de o retalho se combinar mais com a logística e, portanto, de se reinventar.
As oportunidades nos próximos 18 meses também poderão surgir no mercado de capitais, isto é, no estabelecimento de parcerias estratégicas que visem «melhorar as interações com os inquilinos de forma a criar uma relação de confiança», revela James Chapman. «Se soubermos tirar vantagem destas tendências poderemos agarrar grandes oportunidades no futuro», conclui.