É a estimativa que a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) faz esta semana, apontando também para uma quebra de cerca de 60% nas receitas do transporte aéreo de passageiros: «prevê-se assim um impacto negativo de cerca de 10 mil milhões de euros no saldo das contas externas do país colocando em causa o seu equilíbrio obtido nos últimos anos com a contribuição decisiva do Turismo», pode ler-se em comunicado.
Já a balança turística, deverá situar-se nos 6.000 milhões de euros, menos 62% que no ano anterior.
No ano passado, estima-se que o número de dormidas tenha descido entre 65% e 70%, com os proveitos totais dos alojamentos turísticos a registar uma quebra de cerca de 3.000 milhões de euros. A quebra será semelhante no que diz respeito ao movimento de passageiros nos aeroportos nacionais, e superior a 80% nos cruzeiros, segundo a CTP.
Francisco Calheiros, Presidente da CTP, comenta que «apesar do processo de vacinação, já em curso em Portugal e nos principais mercados emissores da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos entre outros, e da imunidade dos já infetados, vamos ter de viver com o vírus ainda em 2021, pelo menos. Importa assim criar condições para acelerar o início da retoma do turismo e da economia através do estabelecimento de padrões internacionais comuns para as viagens que em conjunto com as medidas sanitárias nos destinos devolvam a confiança aos turistas».
E completa que «é crucial manter a oferta turística para poder captar a maior quota possível da retoma do turismo internacional. Acreditamos que o destino Portugal mantém toda a sua capacidade de atração e que poderá inclusive ser beneficiado em termos de preferência dos turistas no contexto dessa retoma».
Segundo as últimas estimativas do Banco de Portugal, publicadas no final de dezembro, entre janeiro e novembro de 2020, as receitas turísticas somaram os 7.658 milhões de euros, uma quebra de cerca de 56% face a igual período do ano anterior. Apontam também para uma quebra de 42% dos gastos dos portugueses no estrangeiro, num total de 2.805 milhões de euros.
Neste período, o saldo da balança de viagens e turismo fixou-se nos 4.853 milhões de euros, uma quebra de 61% face ao período idêntico de 2019, quando o saldo da balança turística ultrapassava os 12.000 milhões de euros.
«Em novembro, o indicador preliminar das viagens e turismo da balança de pagamentos aponta para uma queda de 57% nas exportações [gastos de não residentes em Portugal] e de 47% nas importações [gastos de residentes em Portugal no exterior] face a novembro de 2019. O indicador aponta, assim, para um agravamento das exportações e importações de turismo, que, em outubro de 2020, tinham caído, respetivamente, 56% e 38% face a outubro de 2019», refere o comunicado, citado pelo Negócios.
A última estimativa rápida do INE aponta que, em novembro, o turismo tenha recebido 415.700 hóspedes, que representaram 950.500 dormidas, variações de -76% face a novembro do ano anterior. As dormidas de não residentes desceram 85,2% e as de residentes 58,2%. 46,4% dos estabelecimentos terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes, um agravamento face aos 32% de outubro.