Em 2022, a promoção imobiliária poderá ser um dos setores mais promissores do mercado, nomeadamente devido à falta de habitação, mas não só.
De acordo com Pedro Lancastre, CEO da JLL, que falava na apresentação do relatório anual Market 360, «há uma falta estrutural de oferta que é transversal a todo o setor imobiliário e, por isso, necessário resolver para que o mercado cresça».
Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, reforça que «na habitação o stock aumentou apenas 1,9% na última década, o que corresponde a cerca de 108.500 fogos, ou seja, menos do que se vendeu este ano. Nos alternativos, por seu lado, estima-se uma carência de 20.000 camas para residências de estudantes, enquanto nas residências seniores um estudo da JLL dá nota da necessidade adicional de 17.000 camas».
A responsável completa que, no setor de industrial e logística, «a oferta é dominada por áreas obsoletas, o que acabou por travar a absorção». Por outro lado, «os escritórios também se debatem com a falta de produto para ocupação imediata, mas é um dos segmentos onde a nova oferta está já mais desenvolvida, com cerca de 173.000 metros quadrados em construção até 2023».
Pedro Lancastre alerta, contudo, para alguns obstáculos que é preciso ultrapassar, nomeadamente «a morosidade e burocracia dos processos de licenciamento». E dá o exemplo: «o número médio de unidades residenciais licenciadas em Portugal na última década fica 70% abaixo da década anterior (2001-2011). Outro constrangimento é o forte aumento dos custos de construção, que impactam os planos de negócios e o preço para o utilizador final. Os últimos dados davam conta de um aumento de 7,4% nos custos da construção só no último ano. Há que gerir estes constrangimentos para que a criação de oferta possa ser célere e dar resposta às necessidades do país».
Sobre a promoção imobiliária, Joana Fonseca alerta que «os critérios de ESG, de sustentabilidade, vão estar cada vez mais presentes na procura e os promotores não poderão minorar estas questões. Isso será transversal aos imóveis de uso comercial, como os escritórios ou o industrial e logística, mas também na habitação e nos segmentos alternativos».
Isto porque «os consumidores finais, sejam empresas ou particulares, vão ser cada vez mais exigentes com estas questões da sustentabilidade e isso vai ser um novo desafio para o setor imobiliário. Inclusive no investimento, onde o stock elegível será aquele que cumprir os requisitos de sustentabilidade, sociais e de governança. O financiamento de operações e imóveis estará igualmente condicionado pelas normas da Taxonomia da União Europeia. Os ativos que não os cumprirem vão sair do mapa dos investidores, ou então serão adquiridos com descontos significativos», conclui a responsável.